A agência noticiosa oficial chinesa Xinhua qualificou como “o 11 de setembro da China” o ataque terrorista de sábado à noite na estação ferroviária de Kunming, no sudoeste do país, que matou 29 pessoas e feriu mais de 130.
“Foi um típico ataque terrorista e também um grave crime contra a humanidade”, afirmou a Xinhua num comentário difundido hoje à tarde (hora local).
O ataque, atribuído pelas autoridades a separatistas do Xinjiang, região do noroeste da China, de maioria muculmana, foi o primeiro do género ocorrido na China.
Testemunhas citadas na imprensa oficial dizem que o ataque foi feito por “homens vestidos de negro”, armados com grandes facas, que cerca das 21:00 (hora local) começaram a apunhalar indiscriminadamente as pessoas que se encontravam no hall da estação ferroviária de Kunming.
Pelas imagens difundidas na televisão, as facas tinham uma lâmina com quase meio metro de comprimento.
A polícia disse ter abatido “pelo menos quatro atacantes”, cujas identidades não foram divulgadas.
“Mais de dez suspeitos terroristas participaram no ataque”, referiu a Xinhua.
É a segunda vez que separatistas do Xinjiang são associados a manifestações de violência fora daquela região.
Em outubro passado, um jipe com matrícula do Xinjiang abalroou a multidão que se encontrava junto à famosa Porta da Paz Celestial (Tiananmen), no centro de Pequim, e a seguir incendiou-se, matando os três ocupantes do veículo, todos de etnia uigur, e dois turistas.
O atentado foi atribuído a “extremistas religiosos” que promovem a “jihad” (guerra santa) e o separatismo.
Pelo menos dez ataques terroristas ocorreram no Xinjiang em 2013, causando mais de cem mortes, disse no final do ano um jornal oficial chinês.
Território rico em petróleo e outros recursos minerais, com uma área equivalente à França, Espanha e Portugal juntos, o Xinjiang confina com o Paquistão, Afeganistão e várias repúblicas da Ásia Central que faziam parte da antiga Uniao Sovietica.
Segundo estatísticas oficiais, os uigures, povo de cultura turcófona e religião islâmica, representam 46,2% dos cerca de 22 milhões de habitantes do Xinjiang, mas há meio século, eram mais de dois terços.
Entretanto, milhares de famílias han, a principal etnia da China, começaram a radicar-se no Xinjiang e hoje constituem já cerca de 40% da sua população. Na capital, Urumqi, ultrapassaram mesmo os uigures.
Num editorial publicado a 17 de dezembro passado, um dia depois de um novo confronto entre a polícia e elementos da comunidade uigur, que causou 16 mortos, o Global Times reconhece que “é decisivo conquistar os corações” daquela etnia.
“Os uigures têm de acreditar que são membros de confiança da população chinesa”, disse aquele jornal, uma publicação em língua inglesa do grupo Diário do Povo, orgao central do Partido Comunista Chinês.
/Lusa