Kremlin diz que não há “qualquer possibilidade” de Putin ser julgado por crimes de guerra

Mikhail Klimentyev / EPA

O Presidente russo, Vladimir Putin

O porta-voz do Kremlin diz que “não há possibilidade” de Vladimir Putin ser julgado por crimes de guerra, porque a Rússia não reconhece o Tribunal Penal Internacional.

Em entrevista à Sky News, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que não há “qualquer possibilidade” de Vladimir Putin ser julgado por crimes de guerra na Ucrânia, uma vez que a Rússia não reconhece o Tribunal Penal Internacional.

Peskov reiterou ainda que os militares russos não bombardearam alvos civis em Bucha, ao contrário daquilo que as evidências sugerem.

“Não consideramos uma possibilidade realista”, disse Peskov quando questionado sobre a possibilidade de o Presidente russo ser julgado pelos crimes de guerra na Ucrânia.

“Não reconhecemos o Tribunal Penal Internacional e não somos os únicos a fazer isso. Estamos interessados numa investigação realmente independente. Mas queremos compreender qual seria o formato dessa investigação, porque temos uma experiência amarga com investigações internacionais”, acrescentou.

Quanto ao massacre em Bucha, o porta-voz do Kremlin fala numa “situação bem encenada, nada mais que isso”.

Em Bucha, perto da capital Kiev, foram encontradas algumas centenas de cadáveres, espalhados pelas ruas ou em valas comuns.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, assegurou que todos os militares russos tinham deixado a cidade antes deste massacre.

“O exército russo deixou Bucha no dia 31 de março. Nesse dia, o presidente da Câmara de Bucha declarou solenemente que estava tudo acordado. Dois dias depois, vimos aquelas encenações nas ruas, que estão agora a ser utilizadas para minar a Rússia”, defendeu o governante.

No entanto, o jornal The New York Times analisou imagens de satélite da Maxar Technologies e verificou que, no dia 11 de março, já havia pelo menos 11 corpos nas ruas — pelo menos as “manchas” apresentadas nas imagens parecem ser cadáveres (em locais onde só se via asfalto dias antes, sem qualquer objeto estranho).

Agora, Peskov argumenta que as imagens de satélite de Bucha “foram geradas depois de as tropas russas deixarem a região” e que “é impossível dar uma data concreta a essas imagens”.

“Pobres pessoas… Aqueles corpos não são de vítimas de pessoal militar russo”, acrescentou.