O caso das alegadas agressões sexuais de Kevin Spacey a um jovem de 18 anos, filho da antiga pivô Heather Unruh, voltou na segunda-feira ao tribunal de Massachusetts, onde foi iniciada uma audição preliminar. O juiz responsável pelo caso decidiu que o ator não era obrigado a estar presente.
De acordo com o Observador, a audição preliminar é o equivalente à fase de instrução, em Portugal, na qual se avaliam se existem ou não indícios suficientes para levar os suspeitos a julgamento. O ator não deveria, no entanto, comparecer, devido a um pedido dos seus advogados, mas teria de estar disponível por telefone.
Já no início de janeiro, quando foi formalmente acusado, Kevin Spacey chegou a pedir um requerimento para não comparecer fisicamente no tribunal, justificando-se com o facto de não residir no estado onde iria decorrer a audiência e por acreditar que a sua presença iria “ampliar a publicidade negativa já gerada em redor do caso”.
Dessa vez, o juiz negou o pedido e obrigou o ator a comparecer. O mesmo esteve presente e declarou-se inocente de todas as acusações.
Na semana passada, a defesa requereu os registos telefónicos do filho de Heather Unruh, dizendo que estavam interessados em dados — incluindo aqueles que possa ter armazenado na ‘iCloud’ — de qualquer telemóvel que tenha usado entre 07 de julho de 2016 e 01 de dezembro de 2017. As agressões sexuais terão acontecido em julho de 2016.
Os advogados esperam recuperar fotografias, ‘Snapchats’, chamadas telefónicas ou mensagens trocadas entre a suposta vítima e Kevin Spacey ou até mesmo entre esta e outras pessoas com quem possa ter falado sobre o caso, revelou a CNN.
Os advogados procuram também documentos e imagens de vídeo vigilância do bar onde terão ocorrido os abusos. Segundo a CNN, embora o então proprietário do bar tenha já dito que não tem os vídeos, a defesa quer saber a identidade do seu antigo proprietário, uma vez que acredita que este tenha na sua posse algum documento relevante para o caso.
Na sessão em que o ator foi acusado formalmente, foi mostrado um vídeo de um segundo do Snapchat que mostra uma mão e algumas roupas. O vídeo terá sido enviado pelo filho da pivô para a namorada, enquanto o ator abusava do rapaz, indica o Observador.
Isto porque, segundo alegou a defesa do jovem, a namorada não acreditava no que ele lhe dizia por mensagem de texto e, por isso, terá enviado o vídeo. Os advogados de Kevin Spacey defenderam, no entanto, que esse vídeo não contém qualquer indício de agressão sexual.
Este é um dos 30 casos de que é acusado que leva o ator a tribunal. Tudo terá acontecido no The Club Car, um bar no condado de Nantucket, no estado norte-americano de Massachusetts. Foi lá que o jovem conheceu Kevin Spacey e ficou fascinado.
Nesse bar, o ator “comprou-lhe bebida atrás de bebida atrás de bebida atrás de bebida”, relatou Heather Unruh. “Quando o meu filho estava bêbado, [Kevin] Spacey deu o passo em frente e agrediu-o sexualmente“, continuou.
“[Kevin] Spacey enfiou a mão dentro das calças do meu filho e agarrou-lhe os genitais. Os esforços do meu filho para mover o seu corpo e tentar tirar a mão de Spacey tiveram apenas sucesso momentaneamente. O meu filho entrou em pânico, congelou. Ele estava embriagado”, contou ainda a antiga pivô sobre a noite de julho de 2016, numa conferência de imprensa que convocou para falar do caso — sem nunca mencionar o nome do filho.
Depois de o ter agredido sexualmente, continuou a ex-jornalista, o ator convidou o jovem para uma festa privada. Quando se dirigia à casa de banho, o jovem terá sido abordado por uma mulher que assistiu ao sucedido e que “lhe disse para correr e foi o que ele fez — correu tão rápido quanto podia” até à casa da sua avó, não muito longe dali.
Já em casa, acordou a irmã e ambos ligaram à mãe, que se encontrava em Boston e que chegou no dia seguinte. “Nada poderia ter preparado o meu filho para como esta agressão sexual o faria sentir enquanto homem. Isto prejudicou-o e não pode ser desfeito. Enquanto ele foi tentando o seu melhor para lidar com isto, como ele costuma dizer, o que aconteceu está sempre presente e continua a incomodá-lo. Ele não pode apagar isto”, desabafou.
Heather Unruh acrescentou que, embora o filho não tenha querido fazer queixa do ator na altura, “em grande parte pela vergonha e pelo medo”, fê-lo na semana que antecedeu a conferência de imprensa. A antiga jornalista aproveitou ainda para mandar uma mensagem diretamente ao alegado agressor do filho. “Ao Kevin Spacey, quero dizer isto: devia ter vergonha pelo que fez ao meu filho”.
Mas este não é o único nem foi o primeiro caso a ser revelado de agressões sexuais envolvendo o ator. O primeiro episódio terá acontecido em 1986, quando a alegada vítima, o ator Anthony Rapp, tinha 14 anos e Kevin Spacey 26. Este caso, revelado em outubro de 2017, na sequência do movimento #metoo, levou Heather Unruh a revelar o caso de que o filho tinha sido alvo.