Justiça brasileira manda prender Eike Batista, o ex-homem mais rico do país

Juliana Coutinho / wikimedia

O empresário Eike Batista, dono da EBX

O empresário Eike Batista, dono da EBX

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal executaram na manhã desta quinta-feira uma operação para cumprir nove mandados de prisão e quatro conduções coercitivas no âmbito do escândalo de corrupção Lava Jato.

Numa nota, o Ministério Público (MPF) do Rio de Janeiro informou que o empresário é investigado por corrupção ativa com o uso de contrato fictício.

Eike Batista é acusado de pagar subornos no valor de 16 milhões de dólares (14,9 milhões e euros) em troca do favorecimento em licitações de obras públicas, que teriam sido vencidas pelas suas empresas num esquema de corrupção liderado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.

O empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, não foi encontrado na sua casa no Jardim Botânico. De acordo com o advogado, Fernando Martins, o empresário está a viajar e vai apresentar-se em breve à polícia – mas ainda não se sabe onde e quando. Para a PF, Eike já é considerado um fugitivo da Justiça.

Entre os principais alvos com mandados de prisão expedidos esta quinta-feira, além de Eike Batista, estão o ex-governador Sérgio Cabral, que já está preso no Rio de Janeiro, além de Wilson Carlos e Carlos Miranda, que também estão presos.

Os agentes também tentam cumprir mandados de condução coercitiva contra Maurício de Oliveira Cabral Santos, irmão do ex-governador, e Suzana Neves Cabral, ex-mulher de Sérgio Cabral.

Também foram expedidos mandados de prisão preventiva contra Sérgio de Castro de Oliveira, chamado Serjão, operador do esquema; Thiago Aragão, sócio do escritório de Adriana Ancelmo, o advogado Francisco de Assis Neto, o Kiko, o doleiro Álvaro José Galliez, e Flávio Godinho.

Lava Jato

A Operação Eficiência aprofunda a investigação de um esquema de corrupção usado pelo ex-governador Sérgio Cabral e pelos demais investigados para ocultar mais de 100 milhões de dólares (93,2 milhões de euros) remetidos ao exterior.

“Um objeto das investigações é o pagamento de uma propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador por Eike Batista e pelo advogado Flávio Godinho, do grupo EBX, usando a conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá”, explicou o MPF.

O órgão de Justiça brasileiro completou destacando que “esse valor foi solicitado por Sérgio Cabral a Eike Batista no ano de 2010 e, para dar aparência de legalidade à operação, foi realizado em 2011 um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro”.

“Boa parte dos valores já foi repatriada. Também são investigados os crimes de corrupção ativa e corrupção passiva, além de organização criminosa”, informou a entidade em comunicado.

Esta etapa da operação Calicute foi baseada em dois acordos de colaboração que revelaram como funcionava o esquema de lavagem de dinheiro e propina cobrada por Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, em todos os contratos do governo do estado, durante a sua gestão.

Eike teve carreira meteórica e extravagante

Nascido em 1956, Eike Fuhrken Batista da Silva é um empresário brasileiro que fez e perdeu a sua fortuna na exploração de minérios, petróleo, gás, logística, energia, indústria naval e carvão mineral. É presidente do Grupo EBX, um conglomerado formado por seis empresas listadas no Novo Mercado da Bovespa na cidade de São Paulo.

Eike acumulou milhares de milhões de dólares num curto espaço de tempo, mas viu as suas empresas desmoronarem-se a partir de 2013. De acordo com a revista Forbes, a fortuna atual do empresário é de 900 milhões de dólares.

Em 2012, Eike Batista teve sua fortuna aumentada em 10,1 mil milhões de dólares através de cláusulas da venda de parte da EBX para o fundo Mubadala Development, de Abu Dhabi, tornando-se a 3ª pessoa mais rica do Brasil, com uma fortuna avaliada em 12,4 mil milhões de dólares. Entrou para a lista dos 10 mais ricos do mundo, segundo a revista Forbes, figurando em 7º lugar.

No auge, foi proprietário maior iate do Brasil, produzido pela italiana Spiriti Ferretti, e de uma frota de jatos privados e carros milionários, como uma Mercedes McLaren, além de projetos extravagantes como o que anunciou em 2010: a construção da “Cidade X“, uma cidade supermoderna para cerca de 250 mil pessoas a alguns quilómetros da capital fluminense.

Eike dizia que chegaria a ser o homem mais rico do mundo, com um património avaliado em 100 mil milhões de dólares.

Em 2014, seu património foi reduzido, segundo suas contas, a mil milhões de dólares negativos. Em fevereiro de 2015 os bens de Eike Batista e familiares, como ex-mulher, foram bloqueados, e o empresário responde por seis crimes na Justiça Federal.

ZAP // Ciberia

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