Os juros da casa disparam para 4%, com o Governo a prever uma subida da taxa Euribor a 6 meses para 3% no próximo ano.
A taxa Euribor tem subido de forma acentuada nas últimas semanas, levando ao aumento das prestações mensais do crédito à habitação.
O Correio da Manhã escreve que os juros da casa disparam para 4%. O Governo prevê que a taxa Euribor a 6 meses esteja em torno de 3% em junho de 2023. A previsão é semelhante nos prazos a 3 a 12 meses.
A Deco Proteste traçou cenários para subidas de até 3%, permitindo aos utilizadores simular e saber quanto pode aumentar a sua prestação.
Durante vários anos, as taxas de juro negativas permitiram aos consumidores aceder a crédito com menos custos. No entanto, a recente subida da inflação levou a uma trajetória de subida nos últimos meses. A Euribor chegou a índices positivos e já passou a marca dos 2,5%, na maturidade a 12 meses.
Num cenário de uma taxa Euribor a 6 meses em 3%, previsto pelo Governo, o aumento da prestação da casa pode ser considerável. Num empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread de 1%, a prestação subirá para 733,53 euros, um agravamento de 133,33 euros no prazo de um ano, estima o Correio da Manhã.
“Para famílias, empresas e Estado, quando endividados, estas alterações traduzem-se num duplo choque: ao aumento de preços que terão de suportar [inflação], juntam-se os custos acrescidos de serviço da dívida”, assume o Governo na proposta do Orçamento do Estado para 2022.
O especialista Nuno Rico, da Deco Proteste, sublinha que a previsão do Governo é “razoável”, esperando-se que “as taxas continuem a subir até ao final deste ano, esperando-se um abrandamento, e até alguma correção, a partir do primeiro trimestre de 2023”.
“O acesso ao crédito torna-se mais difícil nestas condições, já que, quanto maior for a subida das taxas de juro, menor será o montante que os bancos estão autorizados a emprestar aos consumidores”, explica a Deco Proteste.
O Governo estará a estudar uma forma de facilitar a renegociação dos contratos de crédito à habitação, para “aliviar” o impacto da subida das taxas Euribor.
Depois de o Executivo introduzir um limite de 2% na atualização das rendas em 2023, anunciou esta segunda-feira uma compensação de 45 milhões para compensar o travão. Contudo, citado pelo jornal i, o presidente da Associação Nacional de Proprietários garante que esse valor só será usado em 2024, quando for apresentada a declaração de IRS.
“É tudo muito estranho, além do ilusionismo há agora uma antecipação super providente. Este valor que estamos a falar de compensação aos senhorios de 45 milhões de euros só terá efeito em 2024. Como é que isto aparece no Orçamento de 2023?”, atirou.
“Os senhorios vão estar impedidos de usufruir da atualização do valor de rendas ao ser imposto um teto máximo de 2%, mas os senhorios entregam o IRS referente a 2023 até 30 de junho de 2024. Isto é um ilusionismo, porque o Estado só vai ter que mobilizar esta verba em 2024. Isto é uma trapalhada de todo o tamanho”, acrescentou António Frias Marques.