Estava previsto para esta quinta-feira o anúncio do Prémio Nobel da Literatura, na mesma semana que os restantes galardões deste ano. Contudo, a entrega foi adiada devido ao que muitos acreditam ser uma falta de consenso do júri.
Após serem conhecidos os Prémios Nobel da Medicina, Física e Química, esta quinta-feira teria sido altura de se conhecer o Prémio Nobel da Literatura deste ano – mas o anúncio foi adiado, possivelmente para a próxima quinta-feira, 13 de outubro.
Os rumores que circulam, aliados ao facto de que já há muitos anos não havia um adiamento como este, levam a comunidade literária a acreditar que há mais por detrás deste acontecimento do que uma mera questão de agenda.
Duas possibilidades avançadas à TSF apontam para uma falta de consenso do júri, seja devido ao autor a premiar este ano ser “especialmente controverso”, ou para um consenso quanto à origem ou sexo do vencedor – um cuidado necessário tendo em conta a preferência histórica por autores do sexo masculino provenientes de países ocidentais.
Citada pelo Diário de Notícias, a secretária-permanente Sara Danius garante que o atraso não tem que ver com um impasse do júri, mas apenas com o facto de as reuniões da Academia para a decisão do vencedor terem começado “excecionalmente tarde” este ano.
“O atraso não tem que ver com uma divergência interna. (…) O comité apresentou as decisões, os membros tomaram posição e segue-se a votação na quarta reunião, onde a decisão é tomada. Esta é a regra, que não deverá ser alterada. A decisão final surge às 10h de segunda-feira da semana em que se realiza o anúncio”, afirmou.
Contudo, a última reunião não se chegou a realizar e não há garantias de que os membros do júri tenham disponibilidade de agenda para se reunirem na próxima segunda-feira, como seria de esperar.
Muitos apontam Danius como a origem do impasse, já que o júri pode não estar de acordo as suas orientações sobre o perfil do galardoado, como ocorreu o ano passado com a premiada Svetlana Alexievich, escritora de não-ficção, que muitos consideram como não sendo literatura.
Danius defendeu a escolha considerando a obra “um monumento ao valor e ao sofrimento do nosso tempo”, em comunicado oficial da Academia.