Um em cada cinco eleitores dos 18 aos 24 anos ainda não sabe em quem votar. Mas se votarem, só 8% preferem o PS. Socialistas fortes acima dos 65 anos.
A poucos dias das eleições legislativas, há ainda 11% de inquiridos pela sondagem Expresso-SIC que assumem não saber em quem vão votar, um número ainda mais relevante quando se perspetiva um empate técnico entre os dois principais partidos e entre os quatro que se seguem.
A indecisão é preponderante sobretudo nos eleitores entre os 18 e os 24 anos. São 20% deles, um em cada cinco.
Não é novidade que os jovens eleitores sejam quem mais hesita na hora de votar, ou até sobre se vão ou não votar — são normalmente os que mais acabam por se abster no dia da votação.
Já é mais surpreendente que, olhando para o perfil de eleitor de cada partido, sejam tão baixas as intenções de voto dos eleitores desta faixa etária no PS.
Apenas 8% tencionam entregar o seu voto a António Costa, muito abaixo dos 24% que tencionam votar PSD e a par dos 8% que votarão no BE e dos 6% que declaram apoio à Iniciativa Liberal.
O voto socialista é, aliás, tendencialmente mais velho. Tem apoio de 22% dos que estão entre os 25 e 44 anos, de 31% dos que estão entre 45 e 64 anos e de 38% entre os maiores de 65.
Na prática, isto quer dizer que os mais jovens podem ter um papel particularmente decisivo na eleição de domingo.
Por um lado, são os que menos dão certeza de que irão votar, assim como os mais indecisos sobre o sentido de voto. Por outro lado, é entre os mais jovens que o PS aparece mais frágil.
Ou seja, se os jovens indecisos forem às urnas e votarem como se indica nesta sondagem, as possibilidades de vitória de António Costa podem reduzir-se bastante.
Um dado que se se confirma quando a maioria dos indecisos se situa no campo do centro-direita (15%, mais seis pontos do que os de centro-esquerda) e também entre os que recusam posicionar-se num eixo esquerda-direita.
Ficha técnica da sondagem
Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 18 e 24 de janeiro de 2022.
Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE- IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris.
O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental.
Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (4 grupos), Região (Regiões NUTII) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos).
A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 131 pontos de amostragem onde foram realizadas as entrevistas, de acordo com as quotas acima referidas.
A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto recolhida recorrendo a simulação de voto em urna.
Foram realizadas 3663 tentativas de contacto, das quais se apurou que 259 correspondiam a situações não elegíveis.
Foram obtidas 1003 entrevistas válidas (taxa de resposta de 30%, taxa de cooperação de 44%).
O trabalho de campo foi realizado por 43 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo.
Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses residentes no Continente com 18 ou mais anos, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda b).
A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 1003 inquiridos é de mais cerca de 3,1%, com um nível de confiança de 95%.