Governo brasileiro investiga jornalista que desejou que Bolsonaro “morra”

Marcelo Sayao / EPA

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro

O jornalista Hélio Schwartsman escreveu um artigo, na Folha de S. Paulo, no qual deseja que “o quadro [da saúde de Bolsonaro] se agrave e ele morra”.

O ministro da Justiça do Brasil, André Mendonça, ordenou esta terça-feira à Polícia Federal que investigue o autor de um artigo de opinião publicado na Folha de S. Paulo, no qual “deseja” a morte do presidente Bolsonaro.

O Presidente brasileiro, de 65 anos, anunciou que o teste da covid-19 que realizou deu positivo, após ter apresentado sintomas da doença, como febre alta e dores musculares.

O chefe de Estado, um dos maiores céticos sobre a gravidade da pandemia, que em muitas ocasiões discordou das recomendações sanitárias de isolamento, foi objeto de um controverso artigo de opinião assinado pelo jornalista Hélio Schwartsman, intitulado “Por que torço para que Bolsonaro morra”.

O jornalista do diário Folha de S. Paulo escreveu que deseja que “o quadro [da saúde de Bolsonaro] se agrave e ele morra“.

“A vida de Bolsonaro, como a de qualquer indivíduo, tem valor e sua perda seria lamentável”, escreveu Schwartsman. “A morte do presidente torna-se filosoficamente defensável” se acarretar “um número maior de vidas preservadas”, acrescentou. “O presidente prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida”, escreveu.

“Quem defende a democracia deve repudiar o artigo”, afirmou o ministro da Justiça no Twitter, na terça-feira. “Assim, com base nos artigos 31, IV; e 26 da Lei de Segurança Nacional, será requisitada a abertura de inquérito à Polícia Federal“, anunciou o governante, precisando que “as liberdades de expressão e imprensa (…) são [direitos fundamentais] limitados pela lei”.

O Ministro das Comunicações, Fábio Faria, disse numa declaração oficial que o artigo era um “claro ataque” à instituição da Presidência e “merece todo o repúdio dos jornalistas e de todos os poderes”.

Desde que tomou posse em 1 de janeiro de 2019, Bolsonaro tem estado envolvido em conflitos com a imprensa tradicional, que considera um “inimigo” e acusa de espalhar “mentiras” com a intenção de derrubar o seu Governo.

Jair Bolsonaro disse, esta terça-feira, que está infetado com o novo coronavírus, numa comunicação através da rede social Facebook, um dia depois de relatar sintomas e realizar um teste num hospital militar, em Brasília.

O chefe de Estado referiu que tomou, na segunda-feira, uma dose de hidroxicloroquina, substância polémica usada no Brasil no tratamento da covid-19, embora a sua eficácia não tenha sido comprovada por estudos e pesquisas científicas.

ZAP // Lusa

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