Jornalista denuncia corrupção no Zimbabwe e fica detido em “condições horrendas”

O jornalista Hopewell Chin’ono, de 49 anos, uma da vozes mais críticas do Presidente do Zimbabwe, está detido há um mês a aguardar julgamento – cuja data ainda não foi fixada – e já teve a sua fiança negada por três vezes. 

Segundo noticiou na terça-feira o Público, o jornalista – detido a 20 de julho – tem denunciado casos de corrupção no país envolvendo altas figuras ligadas ao poder, como Collins Mnangagwa, filho do chefe de Estado, Emerson Mnangagwa.

A terceira recusa de fiança, que ocorreu na segunda-feira, foi justificada pelo juiz Ngoni Nduna com a ausência de novos factos que levassem a tomar uma decisão diferente das duas anteriores. Uma caução tem sido recusada porque o repórter “em defendido a remoção do Governo do poder“, explicou o juiz.

O jornalista foi acusado de promover manifestações para o dia 31 de julho – organizadas por Jacob Ngarivhume, da oposição, também ele detido -, classificadas por Mnangagwa como uma “insurreição para derrubar um Governo democraticamente eleito”, protestos proibidos pela polícia por causa da pandemia de covid-19.

Um dos advogados do jornalista, Doug Coltart, indicou ao Público que a recusa do juiz em definir uma caução é uma “violação dos seus direitos”. “Temos insistido que o Estado nos deve dar uma data para o julgamento, porque não há mais investigações em curso. Esperamos ter uma data no próximo dia 01 de setembro”, referiu.

Chin’ono expôs um escândalo de corrupção envolvendo Collins Mnangagwa e a Drax International, uma empresa sediada nos Emirados Árabes Unidos que lucrou 60 milhões de dólares com a venda de equipamento médico para a covid-19. Um mês depois foi detido.

“Chin’ono está a ser perseguido pelo Governo e pelas autoridades por expor a corrupção”, afirmou Coltart. “O estado dos direitos humanos está a deteriorar-se rapidamente e parece que ninguém é poupado: jornalistas e advogados estão a ser visados, assim como médicos e professores”.

 

O jornalista “está detido numa cela concebida para 12 pessoas, mas que tem 42 no seu interior”, “nenhum dos prisioneiros usa máscara e não há sabonetes para que possam lavar as mãos”, indicou ainda o advogado. Apesar das “condições horrendas”, Chin’ono “está determinado e preparado para o pior”.

ZAP //

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