Um estudo conduzido por cientistas espanhóis descobriu pedaços de âmbar falso com mais de cinco mil anos na Península Ibérica, no que poderia ser o primeiro exemplo de fraude de jóias na pré-história.
Tratam-se de contas de colar cujo núcleo, feito de casca ou sementes, é coberto com resina de árvore usada para imitar a transparência, brilho e cor do âmbar. Aparentemente, a imitação deveu-se ao facto de que o âmbar era escasso naquele tempo e muito procurado em todo o continente europeu.
No total, seis peças foram encontradas em dois locais funerários em Espanha, um na caverna de La Molina, em Sevilha, e outro na caverna de El Gegant, perto de Barcelona.
No primeiro, dez pessoas foram enterradas ao lado de mercadorias, incluindo vasos de cerâmica, furadores de osso e objetos esculpidos em marfim. No segundo, foram encontrados quase dois mil ossos pertencentes a 19 pessoas enterradas. Foram encontrados ainda peças de cerâmica e contas ornamentais feitas de lignito, coral, âmbar, concha e ouro.
Os autores conseguiram estudar a composição química e estrutura dos elementos usando técnicas de espectroscopia no infravermelho, uma sonda de microscopia eletrónica e raios-X.
Esta descoberta “abre um caminho para investigar a rede comercial, o papel do intermediário e os valiosos sistemas de abastecimento nessas comunidades desde o terceiro milénio a.C”, disse Carlos Odriozola, principal autor do estudo publicado na revista PLOS ONE, à Newsweek.
A hipótese sobre possíveis fraudes surge porque materiais valiosos como marfim, ouro ou cinábrio foram encontrados nos dois depósitos e, aparentemente, não há outro motivo para explicar o uso de outras alternativas ao âmbar real.
Arqueólogos acreditam que os humanos têm se enfeitado com jóias por centenas de milhares de anos como meio de comunicação: usar um anel para indicar casamento ou refletir o seu status social. Os primeiros exemplos conhecidos de adornos corporais são os pigmentos vermelhos minerais usados em África como tinta há 285 mil anos.
Cada um julga os outros por si…
Acusar os artesãos pré-históricos de falsificadores é um juízo de valor, que vale o que vale.
Para um homem do marketing, trata-se da primeira diversificação de mercado constatada.
Não passa pela cabeça chamar, aos artesãos de bijuteria com banho de prata, de falsificadores.