O número de praticantes de jogos tradicionais, as suas regras, os locais, as memórias e os trabalhos académicos já realizados vão ficar concentrados numa nova federação nacional, que durante este mês deverá ser oficializada.
A Confederação Portuguesa das Coletividades (CPC) tem sido o “suporte” dos jogos tradicionais, ao saber onde existem e ao promover iniciativas, notou à agência Lusa o seu presidente, Augusto Flor.
Somando o crescente interesse neste tipo de jogos, a CPC considerou estarem reunidas as condições para criar uma estrutura própria: a Federação Portuguesa dos Jogos Tradicionais, que vai ser instalada este mês.
A federação está constituída no registo nacional das pessoas coletivas e durante este mês, segundo Augusto Flor, deverá decorrer a assembleia geral constitutiva com 12 estruturas, entre associações concelhias e federações distritais da CPC.
Na assembleia vão ser aprovados os estatutos, os órgãos sociais e o local da sede, tendo Augusto Flor admitido que as instalações da CPC têm condições para albergar a federação, mas que a decisão será tomada na reunião.
“Se entenderem que pode ser descentralizado, seja mais a Norte, seja mais ao Centro, seja mais ao Sul, por nós tudo também. É uma decisão que só será tomada quando nos reunirmos”, disse.
A nova estrutura surge numa altura em que a União Europeia financia o desenvolvimento de jogos tradicionais em escolas e junto da 3.ª idade, através da organização europeia TAFISA, entre janeiro de 2014 e junho de 2015. Com direito a financiamento, além de Portugal, ficaram outros sete países.
“Se entenderem que pode ser descentralizado, seja mais a Norte, seja mais ao Centro, seja mais ao Sul, por nós tudo também. É uma decisão que só será tomada quando nos reunirmos”.
Uma das funções da federação será apurar o número de praticantes e para dar uma pista sobre a dimensão, o responsável da confederação recordou que se juntou num campo de futebol “entre 1.100 e 1.300 praticantes só de malha”, ou seja, o jogo rei entre os tradicionais.
Outro exemplo da adesão aos jogos tradicionais encontra-se nas cartas, seja bisca, mas sobretudo na sueca: “o jogo de cartas é praticamente jogado em cafés, coletividades, em salas de convívio pelo país todo”.
“Não quer dizer que todos se vão federar, mas sabemos que existem”. Há muitos outros jogos que, do ponto de vista, da motricidade física “e também mental são importantíssimos”, comentou à Lusa.
“Para além da importância do ponto de vista do desenvolvimento comunitário, da saúde mental das populações, porque contribui para a coesão social, porque as pessoas têm que se juntar para praticar estes jogos, facilita o convívio intergeracional e inter social”, acrescentou ainda Augusto Flor.
Os jogos tradicionais são ainda sinónimo de identidade, por refletirem o meio de origem, seja agrícola, indústria ou outra. As memórias também vão ser guardadas, como o estudo já existente que mostrou que existiram 24 variáveis de malha em Lisboa.
Da capital haverá ainda o registo da laranjinha, um jogo lembrado por Augusto Flor como o “bowling de pobres, e neste caso dos lisboetas” e que era praticado junto às tabernas ou dentro desses espaços.
“A federação não vai recuperar tabernas para pôr lá a laranjinha, mas pelo menos vai fazer registo”, resumiu Augusto Flor.
/Lusa