Jorge Jesus apresentou-se este domingo no Flamengo com a ambição de conquistar também títulos no Brasil, dizendo estar muito identificado com a realidade do clube e do futebol ‘canarinho’.
“O Flamengo é um grande clube, uma grande marca desportiva, com uma estrutura com grande capacidade e profissionalismo. Sabe perfeitamente o que quer. (…) Sem organização e estrutura, não se consegue atingir os objetivos. Estou no caminho certo e tenho experiência e noção para fazer parte desta ideia”, resumiu o técnico.
Na apresentação como treinador de um dos maiores clubes do país, com cinco títulos nacionais, Jorge Jesus revelou que acompanha diariamente o campeonato e lembrou que “não existe um grande clube sem uma massa adepta como o Flamengo tem, das mais numerosas do mundo”. O treinador de 64 anos não pretende mudar muito da atual forma de jogar, contudo deseja que a sua equipa tenha “mais intensidade sem bola” e que tenha a capacidade de entender o seu conceito de futebol.
“Para apresentar uma ideia de jogo tenho que falar em vertentes técnicas, táticas, de sistema de jogo. Hoje, o futebol é modificar constantemente durante o jogo, alguns já o fazem e não é fácil. É o futuro. Não vou fugir do sistema atual do Flamengo, com algumas variantes. Gosto de primeiro e segundo avançados. Há cinco momentos de jogo e cada jogador tem de saber o que tem de fazer”, explicou.
O português assegura que “o campeonato brasileiro é muito competitivo, muito difícil” e desdenha de quem tem uma ideia contrária. “Eles lá (Europa) têm a mania que sabem tudo, mas não têm a noção do que é a intensidade e qualidade do jogador brasileiro, que executa muito rápido”, ironizou.
No Flamengo vai treinar Diego – “conheço-o bem, jogou no FC Porto e teve uma passagem muito boa pelo futebol português” – e Gabigol, atleta com quem falou para ir para o Sporting, “mas que acabou por ir jogar para o Benfica”.
Jorge Jesus apresentou-se como “o treinador português com mais títulos” e justificou a aposta num só ano de contrato com a sua filosofia fora de Portugal, já que teve a mesma opção na experiência que teve na Arábia Saudita.
“Se depois de me adaptar gostarem do meu trabalho, estiverem contentes comigo, renovamos o contrato. No Flamengo é exatamente a mesma coisa. Há uma adaptação, exigência de trabalho e resultados. Ninguém fica dependente de ninguém e foi por esse motivo”, esclareceu, revelando que mantém a equipa técnica com sete elementos.
Jesus sabe que tem crédito pelo seu currículo, contudo diz que quer rapidamente mostrar o seu trabalho como “testemunho” do que vale no futebol. “Vamos explicar aos jogadores as nossas ideias e metodologias. Já trabalhei com 156 brasileiros na minha carreira, estou habituado, são ótimos profissionais. Têm talento. Quero partilhar os meus conhecimentos com eles. Fui contratado para ter resultados e dar qualidade ao estilo de jogo do Flamengo”, sintetizou.
Jorge Jesus desvalorizou ainda a pressão de ir orientar futebolistas consagrados, recordando que duas mãos não chegam para contar os atletas que orientou e que agora jogam nos melhores clubes do mundo.
A apresentação de Jesus em seis frases:
- “Lá (Europa) têm a mania que sabem tudo, mas não têm a noção do que é a intensidade e qualidade do jogador brasileiro, que executa muito rápido”.
- “O meu passado como treinador está escrito, está feito. Sou o treinador em Portugal que mais títulos ganhou e quero mostrar no maior clube do Brasil o meu valor”.
- “Quando cheguei ao Benfica, o clube não ganhava nada há algum tempo e agora tem a hegemonia no país”.
- “Uma das minhas opções no Flamengo é a língua. Vocês dizem elenco, nós plantel, por isso há adjetivos com que tenho de me habituar”.
- “Não existe um grande clube sem uma massa de torcedores como o Flamengo tem”.
- “São estilos diferentes, Europa e Brasil.. na Europa a intensidade é maior, porque a temperatura também ajuda”.
ZAP // Lusa