Jerónimo admite ter tentado salvar OE à última hora (e garante não estar cansado)

Tiago Petinga / Lusa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa

Foi uma “última diligência” para salvar o Orçamento do Estado, no domingo que antecedeu o chumbo, mas o PS já tinha tudo “dramatizado”. Quanto ao futuro à frente do PCP, Jerónimo de Sousa garante não estar cansado.

Em entrevista à CNN Portugal, Jerónimo de Sousa admitiu ter existido um último esforço para que o Orçamento do Estado fosse aprovado pelo PCP.

No domingo que antecedeu o chumbo, os comunistas tentaram salvar o documento com uma diligência de última hora, relacionada com o salário mínimo nacional.

Era possível 800 euros para o ano de 2022“, contou Jerónimo de Sousa, acrescentando que o Partido Socialista decidiu, no entanto, tornar as “coisas” mais “dramatizadas”.

“Foi uma última diligência, em último esforço que fizemos, de que era possível 800 euros para o ano de 2022. Mesmo em relação à contratação coletiva, chegámos a estar ali à beira de uma consideração da suspensão desse instrumento. Mas depois as coisas começaram, digamos, a ficar mais dramatizadas”, detalhou.

Mesmo assim, o comunista não fechou a porta a um eventual entendimento com o PS. “Isto não se repete, mas há uma coisa que o Partido Comunista Português defende neste momento que é, perante os problemas, perante as necessidades do país, a possibilidade de convergência de forças e setores democráticos”.

“Convergência, naturalmente, verificando os seus conteúdos”, disse, ressalvando que um entendimento só seria possível sem qualquer acordo escrito.

Quanto à geringonça, que terminou em 2019, o secretário-geral do PCP disse que se criou a ideia “errada” da existência de um Governo de maioria, quando era simplesmente um “Governo minoritário do PS”.

O balanço da solução governativa é positivo, tendo valido “a pena” por aquilo que se conseguiu alcançar “para bem dos trabalhadores e dos portugueses”. “Fizemos o melhor que sabíamos e podíamos.”

Sobre o futuro do partido e a sua continuidade enquanto secretário-geral, Jerónimo de Sousa garantiu que não “está cansado”, quer seja no “plano anímico”, quer seja “no plano emocional”, apesar de os “anos pesarem”.

“Posso garantir, com franqueza, que, aquilo que a direção do meu partido me diz é para continuar. Há que continuar”, respondeu.

Já em relação à sua sucessão, recusou que João Ferreira seja a única opção no seio do PCP. “Eu não afunilava tanto”, afirmou, enunciando nomes como Bernardino Soares, João Frazão e fazendo referência a “conjunto de quadros” bem preparados.

Liliana Malainho, ZAP //

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