O secretário-geral do PCP acusou este sábado o Governo de teimosia e de não ter cedido nas negociações orçamentais por já estar a pensar na maioria absoluta, considerando que o executivo devia olhar para a manifestação da CGTP.
O líder comunista Jerónimo de Sousa esteve presente na manifestação da CGTP que juntou milhares de pessoas em Lisboa, tendo sido questionado pelos jornalistas se esta concentração devia ser vista como um “cartão amarelo” ao primeiro-ministro, António Costa.
“Não fazemos isto a pensar no primeiro-ministro. Fazemos por uma necessidade objetiva para a vida das pessoas, para a vida dos trabalhadores. Ninguém consegue explicar porque é que não é possível valorizar devidamente os salários, tanto o salário mínimo nacional, como mesmo o salário médio”, vincou.
Para Jerónimo de Sousa, o Governo “deveria olhar para esta Avenida [da Liberdade], para estas pessoas, para estes trabalhadores que lutam tanto por um direito de uma vida mais digna”.
Sobre a questão do salário mínimo nacional, que esteve à mesa nas negociações do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) – que acabou chumbado, dando assim origem a uma crise política – o líder comunista concordou que este foi um dos “elementos de rutura” em relação aos quais o Governo não cedeu porque “já estava a pensar com certeza na maioria absoluta“.
“Nós procurámos apresentar uma proposta, como é sabido, de mais de 800 euros, mas admitimos até, num processo de diálogo, aplicar os 755 euros num quadro evolutivo para 2022. Infelizmente o Governo não saiu e fez finca pé dos 705 euros, que fica muito aquém daquilo que objetivamente é necessário fazer de valorização particularmente do salário mínimo nacional”, referiu.
Outros temas que levaram à rutura entre PCP e PS foi, de acordo com Jerónimo de Sousa, a necessidade de “salvar o SNS” e a caducidade da contratação coletiva. “O Governo teimou e não explicou porque é que não pode alterar esta malfeitoria”, condenou.
// Lusa
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