“Jardim zoológico de vírus respiratórios” leva a corrida às urgências de crianças

O epidemiologista Manuel Carmo Gomes avisa que há um “jardim zoológico de vírus respiratórios” em circulação. Mais concretamente, o VSR tem levado a uma corrida às urgências de crianças.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) mudou regras da covid-19 .Os testes à infeção com o coronavírus SARS-CoV-2 deixaram de ser recomendados a pessoas sem sintomas de infeção e doentes internados com covid-19 passam a poder receber visitas.

O sentido é em direção ao alívio das restrições. O epidemiologista Manuel Carmo Gomes avisa, no entanto, que “o número de casos que a DGS reporta não tem nada a ver com a realidade” e “temos de multiplicar aquele número por quatro” para ter uma noção mais próxima da realidade.

Assim, devemos estar com 2.500 a 3.000 casos de covid-19 por dia, de acordo com as estimativas do especialista.

“Entre meados de outubro e a primeira semana de novembro, tínhamos 400-500 pessoas [internadas]. Na segunda semana de novembro, ultrapassámos a fasquia das 500. É uma subida suave, mas não tem parado: é um facto. E não me espantaria que continuasse a aumentar porque vamos entrar no inverno”, disse o membro da Comissão Técnica de Vacinação ao jornal i.

“A covid está cá: não nos veremos livres dela tão cedo. É melhor esquecer isso”, atira Manuel Carmo Gomes, realçando que felizmente “estas novas subvariantes não causam doença muito grave”.

“O risco de as pessoas irem parar ao hospital é baixinho. Só que ainda temos 2.500 a 3.000 casos por dia e, portanto, isso faz-se sentir. Também temos a gripe e o sincicial respiratório. Também rinovírus, adenovírus, os outros coronavírus… Há todo um jardim zoológico de vírus respiratórios que é habitual nesta época do ano”, refere.

O caso do sincicial é o tem chamado mais a sua atenção, porque afeta, principalmente, as crianças mais pequenas.

“Todos nós, ao longo da vida, já fomos infetados com este vírus, mas nas crianças em geral causa doença mais grave e temos muitas crianças com menos de três meses infetadas. E entre essa idade e um ano. E muitas são internadas. Este é o vírus que está a originar o número de casos menos habitual e a maior afluência às urgências“, diz Manuel Carmo Gomes.

Mais recentemente, algumas crianças ainda não tinham estado em contacto com o chamado VSR, porque nos últimos três anos há um grande incentivo ao distanciamento social, sugere o epidemiologista.

ZAP //

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