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Japonês decifrou o maior mistério da matemática – mas ninguém o percebe

Kanijoman / Flickr

Caricatura do matemático japonês Shinichi Mochizuki por Paddy Mills

Caricatura do matemático japonês Shinichi Mochizuki por Paddy Mills

Um dos maiores mistérios da matemática, formulado há 27 anos, poderá ter sido finalmente resolvido – mas até agora nenhum matemático conseguiu perceber a críptica demonstração apresentada.

O investigador japonês Shinichi Mochizuki, matemático da Universidade de Kyoto especializado na teoria dos números, apresentou à comunidade científica, numa videoconferência por Skype, uma demonstração da conjectura abc, também conhecida como conjectura Oesterlé-Masser.

Mas, de acordo com a revista Nature, os mais destacados matemáticos do mundo não conseguiram até agora compreender a demonstração de Mochizuki.

O matemático apresentou ao mundo a sua demonstração há quase 3 anos, num trabalho composto por 4 artigos com mais de 500 páginas de texto e fórmulas matemáticas.

Na altura, o presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Miguel Abreu, considerou que “é possível que os 4 artigos científicos de Shinichi Mochizuki venham a constituir uma dessas descobertas matemáticas muito significativas, que nos surpreendem, maravilham e abrem novas perspectivas”.

“Mochizuki já era considerado um matemático de primeiríssima classe, bastante conceituado e respeitado, pelo que estes 4 artigos estão a ser levados muito a sério pelos especialistas da área”, acrescentou o matemático português. “No entanto, mesmo para os maiores especialistas, o novo universo de objectos matemáticos introduzido por Mochizuki vai levar alguns meses a ser assimilado“, previu Miguel Abreu.

Efectivamente, assim foi.

Este mês, numa sessão via Skype organizada pelo Instituto Clay de Matemáticas, em Oxford, entre os dias 7 e 11, Shinichi Mochizuki respondeu às questões colocadas pelos seus colegas, matemáticos de renome de todo o mundo. Os cientistas que participaram no evento reagiram de forma diferente às explicações do colega japonês, que se recusa a sair do seu país, não fala com jornalistas e raramente responde a emails.

Alguns dos matemáticos não perceberam nada da explicação, e ficaram simplesmente desapontados. Mas outros consideram que a apresentação de Mochizuki foi apenas uma farsa, apontando-lhe a sua linguagem demasiado abstracta e o estilo (in)formal da demonstração.

Até agora, apenas 4 matemáticos dizem ter lido – e compreendido – a demonstração de Mochizuki para a conjectura, formulada pela primeira vez por Joseph Oesterlé e David Masser em 1985. Poderemos estar assim, como dizia Miguel Abreu há 3 anos, perante “uma descoberta matemática muito significativa e com enorme potencial para desenvolvimentos futuros”.

Infelizmente, parece que apenas 5 pessoas no mundo a percebem.

AJB, ZAP //

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