Há algumas “regras básicas” para ajudar no combate à covid-19, tais como lavar as mãos e manter a distância de segurança. E acredita-se ainda que o risco de se ser infetado é maior em espaços fechados do que em espaços ao ar livre.
Um estudo japonês constatou, aliás, que “a probabilidade de um caso primário transmitir covid-19 num ambiente fechado é 18,7 vezes maior em comparação com o ar livre”.
Mas, afinal, pode não ser assim tão simples, até porque há diferentes fatores que afetam a forma como o vírus se espalha em ambientes fechados, escreve a Deutsche Welle.
Uma das vias de transmissão mais importantes é a propagação de partículas virais através de aerossóis e gotículas — pequenas partículas transportadas pelo ar que uma pessoa infetada emite ao respirar, conversar ou tossir.
O Instituto Max Planck de Química tem uma calculadora que permite definir vários parâmetros que determinam o nível de risco de contrair covid-19, se uma pessoa estiver infetada no mesmo local — e entre eles estão o volume com que a pessoa se expressa, o quanto fala e o facto de a sala estar, ou não, arejada.
Os cálculos são baseados num estudo sobre transmissão por meio de aerossol e risco de infeção, publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health.
Cantar é arriscado (e estar numa sala de aula também)
Com base nestes dados, sabe-se que um dos cenários com a maior taxa de infeção é o de um ensaio de coro. Isto porque quanto mais alto uma pessoa que esteja infetada vocaliza, maior é a concentração de gotículas que produz.
Cantar alto também projeta gotículas a uma maior distância, comparativamente com a respiração ou falar com um volume mais reduzido. De acordo com os autores do estudo, “cantar é uma fonte de aerossol particularmente intensa”.
E o que acontece no caso de uma sala de aula? Muitos países querem evitar um novo ciclo de encerramento das escolas, mas para tornar isso possível, há vários fatores a ter em conta.
Considerando um indivíduo infetado num ambiente fechado, é mais provável que este infete mais gente numa sala de aula cheia de crianças do que num escritório cheio de adultos. O motivo: o número de pessoas totalmente vacinadas é menor entre as crianças.
Outros fatores de risco incluem a ventilação deficiente – no Hemisfério Norte, por exemplo, pode ser difícil abrir as janelas a cada hora por tempo suficiente para garantir a circulação de ar fresco devido às baixas temperaturas. E muitas escolas não possuem sistemas de filtragem de ar para contornar este problema.
Mas há uma medida que reduz significativamente o risco de se ser infetado com covid-19: usar máscara de proteção.
Uma máscara PFF2 (também conhecida como N95, KN95 ou P2) pode reduzir o risco de infeção em 20 vezes, e as máscaras PFF3 mais avançadas podem reduzir o risco em 100 vezes para quem as usa, disse Ulrich Pöschl, diretor do Departamento de Química Multifásica do Instituto Max Planck de Química na cidade alemã de Mainz, em declarações à Deutsche Welle.
“Em ambientes internos, eu recomendaria o uso de máscaras sempre que as pessoas se misturam com [outras] que não são da sua casa”, disse Pöschl. “Acho que as máscaras devem ser usadas por todos”, continuou.
No entanto, isso não torna as outras medidas desnecessárias. Manter a distância, tentar assegurar um alto nível de ventilação dos espaços e evitar cantar em locais com mais gente continuam a ser cuidados importantes para manter o risco de transmissão controlado.
Relativamente aos espaços exteriores, e apesar de o risco de transmissão ser menor, também se deve manter a cautela.
“Também em ambientes externos é útil usar máscaras quando se está perto de outras pessoas”, afirmou Pöschl.
“De um a dois metros [de distância], também há risco de se infetar por gotículas. Essas gotículas maiores que todos nós exalamos podem atingir outras pessoas também em ambientes externos. E apenas uma dessas gotículas, de aproximadamente um milímetro de tamanho, pode provocar infeção”, concluiu.
O uso de máscaras não diminui o risco apenas em ambientes fechados, é apenas mais importante ainda.
ZAP // Deutsche Welle