O Homo Erectus usava palitos na sua higiene bucal, concluiu um estudo hoje publicado na revista Quaternary International, que apresenta as primeiras provas de marcas desses instrumentos encontradas em dentes de hominídeos do Pleistoceno Médio no leste da Ásia.
O Centro Nacional espanhol de Investigação sobre a Evolução Humana (CENIEH), que colaborou no estudo, indicou que os investigadores concluíram que as marcas corresponderiam à ação de remover restos de comida pelos hominídeos que viveram há entre um milhão e 120 mil anos.
Na investigação participou Laura Martín-Francés, do Grupo de Antropologia Dental do CENIEH, juntamente com uma equipa científica do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia (IVVP) de Pequim.
O estudo publicado hoje precisa que foram analisadas microscopicamente as superfícies laterais dos dentes fossilizados do Homo Erectus descobertos em 1981 e 1982 em Yiyuan, uma jazida de fósseis na província chinesa de Shandong.
As marcas de palitos foram encontradas em cinco dos sete dentes analisados, que pertencem a três pessoas, e a precisão da análise dos dentes permite ver o grau de desgaste das coroas e das raízes dos dentes, que vão desde múltiplas estrias finas até sulcos profundos.
A localização, a morfologia e a dimensão destes são similares ao desgaste artificial causado pelo uso habitual de palitos nos dentes.
As características morfológicas exibidas pelas marcas dos dentes de Yiyuan, as mais antigas da Ásia, coincidem com as marcas de palito já identificadas noutras espécies: Homo Habilis do Plio-Pleistoceno Africano e Homo Heidelbergensis do Pleistoceno Médio e Homo Neanderthalensis do Pleistoceno Superior Europeu.
Laura Martín-Francés já tinha publicado um trabalho com a equipa de Antropologia Dental do CENIEH sobre as marcas de palitos mais antigas da Europa, no qual se estudavam as patologias dentais de um hominídeo com 1,2 milhões de anos, encontrado na jazida da Cova do Elefante, em Atapuerca (Burgos).
Entre as hipóteses sugeridas como causas dessas marcas de palito, estão a higiene oral, a extração de comida entalada entre os dentes, o alívio de uma dor ou patologia ou um simples hábito.
O artigo conclui que as marcas se devem à ação de extrair ou eliminar restos de alimentos de entre os dentes, porque os dentes não apresentam patologias, “embora estas não se possam descartar totalmente, já que não se possuem os ossos mandibulares nem maxilares associados aos dentes destes indivíduos”, disse Martín-Francés.
/Lusa