Parece ainda não haver consenso entre os deputados, Senadores e delegados regionais para a escolha de um nome para suceder a Sergio Mattarella na Presidência, apesar do favoritismo de Mario Draghi.
Começou na segunda-feira a eleição para o próximo Presidente de Itália, um processo que se pode arrastar durante uma semana. A escolha é feita através de um colégio eleitoral composto por deputados, Senadores e delegados regionais e não há candidatos formais, sendo a escolha feita com reuniões dentro dos partidos.
Para que haja um vencedor nas três primeiras rondas de votação, um candidato tem de ter, no mínimo, uma maioria de dois terços. A partir da quarta ronda, uma maioria absoluta é suficiente. A primeira votação que decorreu entre as 15 e 20 horas locais de ontem teve um vencedor na forma do voto em branco em 672 dos 1009 boletins.
Foi agendada de imediato uma nova votação para esta terça-feira, lembra o Expresso. Na votação de ontem, que teve lugar na Câmara dos Deputados, em Roma, participaram 976 dos 1009 representantes que têm direito a votar. No total, podem votar 630 deputados, 321 Senadores e 58 delegados regionais.
Haverá menos 320 deputados e 115 Senadores a participar nesta votação na próxima legislatura devido a uma revisão constitucional. O mandato para um novo Presidente é de sete anos.
O candidato que teve mais votos foi o antigo magistrado Paolo Maddalena, com 36 votos, seguindo-se o antigo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, com sete votos, apesar deste se ter retirado da corrida no domingo. Mais 25 candidatos receberam votos e houve também 49 nulos.
Quando não há um acordo sobre um nome para a Presidência, o normal é recorrer-se ao voto em branco. Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central europeu e actual primeiro-ministro de Itália, é um dos nomes que mais tem sido falado para suceder a Sergio Mattarella, que, aos 80 anos, anunciou se quer reformar após concluir o mandato a 3 de Fevereiro — apesar de haver uma secção do Movimento Cinco Estrelas que apelou à sua recondução no cargo.
Caso a escolha recaia mesmo em Draghi, algo que os italianos parecem querer de acordo com as sondagens, a sua saída da liderança do Governo pode dar aso a alguma instabilidade, já que será difícil encontrar um sucessor à altura do “Super Mario” que consiga chefiar um executivo que abrange partidos de esquerda, centro-esquerda, centro-direita e extrema-direita.
Pode também ficar em risco a execução dos fundos europeus, de que Itália é o maior beneficiário, já que Bruxelas já deu luz verde ao plano de Draghi. O país pode mesmo ter de ir a eleições antecipadas — sendo que a actual legislatura só acaba em 2023 — numa altura em que está a viver um aumento de casos e mortes por covid-19.
Dado o sucesso de Draghi como primeiro-ministro, há quem esteja receoso da sua eventual saída para a Presidência. Um desses nomes é Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga, que apoiava a candidatura de Berlusconi à presidência até à sua retirada. “Neste momento difícil, seria perigoso tirar Draghi do cargo de primeiro-ministro”, considera.
Resta-nos continuar a acompanhar o processo de votação e esperar para ver se o favoritismo de Draghi se vai mesmo confirmar.