O Presidente de Itália disse esta quinta-feira, após consultas com os partidos, que há uma maioria parlamentar disposta a formar um novo Governo, pelo que vai permitir estas negociações e convocará novamente os partidos na próxima terça.
“Foi-me comunicado por parte de alguns partidos políticos que começaram negociações para formar outro Governo” de maioria parlamentar, referiu Sergio Mattarella, esclarecendo que lhe foi pedido tempo para desenvolverem essas negociações.
Em conferência de imprensa, em Roma, o chefe de Estado italiano salientou ser seu dever “não evitar a vontade maioritária do Parlamento”, além de que, ao mesmo tempo, tem “o dever de pedir, no interesse do país, soluções rápidas”.
“Convoquei uma nova ronda de consultas que começará na próxima terça-feira para ouvir, de novo, os partidos e tomar as decisões necessárias”, adiantou.
Ontem, o líder do movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema), Luigi di Maio, disse estar pronto para negociar “uma maioria sólida” no Parlamento e evitar eleições antecipadas.
“Nestas últimas horas, lançámos todas as conversações necessárias para encontrar uma maioria sólida ao serviço dos cidadãos”, disse Di Maio à imprensa depois de ser recebido pelo Presidente italiano.
Di Maio não nomeou nenhum partido com o qual admita vir a formar uma tal maioria, embora já tenha sido anunciado que o M5S está em conversações com os socialistas do Partido Democrático (PD, centro-esquerda), de Nicola Zingaretti.
Os dois partidos iniciaram já conversações, que se adivinham difíceis dadas as cinco condições prévias colocadas pelos socialistas: a “pertença leal” à União Europeia, o “pleno reconhecimento” da democracia representativa e da centralidade do Parlamento, o desenvolvimento assente na sustentabilidade ambiental, uma mudança na gestão dos fluxos migratórios e uma viragem na política económica para aumentar o investimento. Juntos, o PD e o M5S têm a maioria na Câmara dos Deputados (327 em 630).
Depois da audiência com Mattarella, Nicola Zingaretti afirmou que a ideia não é “um Governo a qualquer preço”, mas “um Governo de mudança, uma alternativa à direita, com um programa novo e sólido e uma maioria ampla e duradoura no Parlamento”.
O governo de coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas foi dado como findo na semana passada por Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, ao fim de 14 meses de coexistência difícil.
Segundo a maioria dos analistas, Salvini planeava forçar a antecipação das eleições para aproveitar o recorde de popularidade de que goza em Itália (36%-38%), sobretudo depois de a Liga ter sido o partido mais votado nas eleições europeias de maio, em que obteve 34% dos votos, contra 17% nas legislativas de março de 2018.
Salvini, que provocou o fim da coligação e apresentou uma moção de censura ao primeiro-ministro Giuseppe Conte, afirmou aos jornalistas depois da audiência com o Presidente que admite reconciliar-se com o 5 Estrelas, “sem rancores”.
“Se alguém dos que sempre disseram ‘não’ agora diz que sim, então formemos uma equipa, tenhamos um objetivo, construamos, façamos coisas boas pelo país. Não guardo rancor, olho para o futuro”, disse.
ZAP // Lusa