“Irmão” do Pingo Doce investigado na Polónia

Henryk Borawski/Wikimedia Commons

Biedronka (“joaninha”), o “irmão” do Pingo Doce na Polónia

Supermercados “Joaninha” do grupo Jerónimo Martins terá acordado com outra cadeia polaca não recrutar motoristas da concorrência, de modo a impedi-los de negociarem melhores condições.

O regulador polaco para a defesa do consumidor UOKiK iniciou uma investigação às cadeias de supermercados Dino Polska e Biedronka (que pertence e é operada pelo grupo Jerónimo Martins, dono do Pingo Doce), devido a suspeitas de coordenação entre estas empresas para limitar a competição no mercado de trabalho dos motoristas.

Segundo um comunicado do UOKiK, avançado pela Bloomberg e citado pelo Jornal de Negócios, há indícios de que as empresas de logística que prestam serviços ao Dino e ao Biedronka terão acordado não recrutar motoristas da concorrência.

Este tipo de acordo, a confirmar-se, teria como objetivo reduzir a concorrência salarial, impedindo os motoristas de negociarem melhores condições salariais ou de mudarem de emprego para obter melhores salários. A consequência seria a manutenção dos baixos custos operacionais das empresas.

Caso se confirme a existência deste acordo, as cadeias de supermercados poderão enfrentar penalizações duras que podem atingir até 10% das suas receitas anuais.

E as consequências não se limitarão às multas: a reputação das duas empresas — nomeadamente do “irmão” do Pingo Doce, Biedronka (em português, “joaninha”), a maior cadeia de supermercados da Polónia — poderá também sair afetada.

Em junho de 2023, a Jerónimo Martins já tinha sido multada em quase 36 milhões de euros por “induzir em erro” os consumidores polacos numa campanha que apelidou de anti-inflação. Em 2020, foi multada em dezembro em 163 milhões de euros por aumentar os lucros de forma injusta à custa dos fornecedores. Em agosto desse ano, já tinha sido multada em 26 milhões de euros por prática de preços enganadora.

Este tipo de prática, conhecida como “no-poach agreement”, é considerado uma violação das leis de concorrência, uma vez que restringe a livre mobilidade laboral e prejudica os trabalhadores ao limitar as suas oportunidades de emprego e de obtenção de melhores salários.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.