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Investimento árabe com criptomoeda de Trump “cheira a corrupção”

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EPA/Samuel Corum / POOL

Um investimento de 2 mil milhões de dólares (cerca de 1,77 mil milhões de euros) de um fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos está a lançar suspeitas de corrupção que envolvem Donald Trump.

O MGX, um fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos (EAU), vai investir cerca de 1,77 mil milhões de euros na bolsa de criptomoedas Binance, usando a criptomoeda USD1, que é gerida pela World Liberty Financial (WLF) da família de Donald Trump.

Esta criptomoeda é o que se chama uma stablecoin, um tipo de criptomoeda projectada para ter um valor estável, e que está, geralmente, atrelada a um activo como o dólar, ou o euro, o ouro, ou até a outras criptomoedas.

Não é anormal que um Estado invista em criptomoedas, através de fundos soberanos. O que é anómalo neste caso é o que parece ser um evidente conflito de interesses, como evidencia o jornal The New York Times.

A família de Trump é directamente beneficiada pelo investimento feito pelos EAU, que vai render dezenas de milhões de euros à WLF.

Além disso, a MGX também integra o grande plano de desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA) que foi anunciado por Donald Trump em Janeiro passado.

“Parece corrupção, cheira a corrupção”

A notícia sobre o investimento da MGX já motivou críticas de elementos do partido democrata norte-americano, nomeadamente da senadora Elizabeth Warren que fala mesmo em “corrupção de Donald Trump” numa publicação na rede social X, o antigo Twitter.

“Os EUA estão a preparar-se para abençoar a última fraude de Donald Trump“, diz a senadora, falando de um investidor “sombrio” e notando que o negócio entre a Binance e a MGX vai dar à família de Trump “uma fatia” dos milhões.

“Parece corrupção, cheira a corrupção”, diz ainda Elizabeth Warren.

A senadora lamenta também que o Senado está a preparar-se para “dar luz verde à fraude” quando tem em mãos um projecto de lei que planeia desregular amplamente as stablecoins.

Warren nota que este projecto vai “tornar ainda mais fácil a Trump e à família lucrarem com a sua própria criptomoeda”, e realça que aprovar a lei vai permitir a qualquer país estrangeiro “bajular favores” junto do Presidente dos EUA, “pagando-lhe” com a sua stablecoin.

“Donald Trump prometeu baixar o custo de vida para o povo americano, em vez disso, está a executar fraudes para fazer mais dinheiro para si próprio e está a travar a economia e a tornar a vida mais cara para todos os outros”, conclui a senadora.

O anúncio do investimento da MGX foi feito durante uma conferência sobre criptomoedas no Dubai, pelo co-fundador da WLF, Zach Witkoff, o filho do enviado especial dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e por Eric Trump, um dos filhos do presidente dos EUA, que também desempenha um papel importante na empresa de criptomoedas da família.

Também estava presente na conferência, um dos maiores investidores da WLF, o bilionário Justin Sun, responsável pela plataforma de câmbio TRON, que foi, recentemente, investigado por suspeitas de manipulação do preço da sua criptomoeda.

Após a eleição de Trump, o caso resolveu-se com um acordo fora do tribunal.

Também a Binance, a maior plataforma de negociação de criptomoedas do mundo, chegou a um acordo com os tribunais norte-americanos em 2023, para fechar uma investigação sobre suspeitas de violação das normas de prevenção de branqueamento de capitais.

ZAP //

1 Comment

  1. Por que será que isto não é surpreendente? A oligarquia Trampas/MAGA quer enriquecer os EUA? Só depois de se enriquecerem a si mesmos de antemão!

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