Um novo estudo analisou 87% do céu visível no Hemisfério Sul ao longo de seis anos e não encontrou sinais de existência do Planeta Nove.
É um dos maiores mistérios que fascina os astrónomos — e continua sem resposta.
O Planeta Nove é um suposto planeta que estará escondido no nosso Sistema Solar, no meio de uma nuvem de rochas geladas além da órbita de Neptuno, e o seu efeito gravitacional pode explicar a aglomeração peculiar das órbitas de um grupo de objectos trans-neptunianos.
A sua existência continua a ser uma enorme interrogação e um estudo recente publicado na The Astrophysical Journal procurou encontrar a derradeira resposta. Os investigadores recorreram a dados recolhidos com telescópios ao longo de seis anos para potencialmente encontrarem sinais do Planeta Nove no Hemisfério Celestial Sul.
As observações foram captadas com o telescópio localizado no deserto do Atacama, no Chile, entre 2013 e 2019, e cobriram 87% do céu visível no Hemisfério Sul.
A equipa identificou mais de 3000 fontes de luz que seriam possíveis candidatas localizadas a uma distância entre 400 e 800 Unidades Astronómicas da Terra, mas nenhuma pôde ser confirmada como sendo um planeta, escreve o Live Science.
No entanto, estes resultados não provam que o planeta não existe, servindo apenas para reduzir ainda mais a lista dos possíveis locais onde este possa estar, tal como outras investigações semelhantes já tinham feito. Este estudo cobre apenas entre 10% e 20% das possíveis localizações do hipotético planeta.
A hipótese do Planeta Nove surgiu em 2016, quando uma equipa de cientistas analisou o aglomerado de objectos do Cinturão de Kuiper e a sua distribuição estatística, concluindo que a sua aproximação terá sido causada por um planeta externo desconhecido. Segundo os cálculos, este mundo teria uma massa equivalente a cinco Terras e estaria cerca de 10 vezes mais distante do Sol do que Neptuno.
Já várias pesquisas foram feitas em busca do Planeta Nove — todas sem sucesso. O maior obstáculo é a distância a que este se encontra, sendo possível que a luz solar nem sequer chegue ao planeta, o que diminui as hipóteses deste ser detectado com os telescópios típicos, que recorrem à luz.
Assim, os astrónomos têm recorrido ao telescópio ACT, que procura objectos no cosmos com recurso a comprimentos de onda milimétricos — uma forma de ondas de rádio curtas que se aproxima à radiação infravermelhos.
A busca promete continuar quando o Observatório Simons, que está a ser construído no Chile, estiver pronto, já que este vai incluir telescópios mais sensíveis.