Inverno, segunda-feira e contas bancárias depenadas. Hoje é o dia mais deprimente do ano

Ken Colwell / Flickr

Termo foi cunhado a propósito de uma campanha de marketing de uma agência de viagens, mas pode estar ligado a um fenómeno cientificamente provado, o da depressão de inverno.

16 de janeiro de 2023. Se olharmos para o calendário ou recorrermos às nossas memórias, não há nenhum acontecimento que torne este dia um motivo de celebração ou que se assinale neste dia. De facto, não é a data que está em causa, mas o facto de ser a terceira segunda-feira de janeiro, numa altura em que o tempo está frio ou chuvoso e que as festas de final de ano já lá vão — e, com elas, muito dinheiro. Como tal, este dia, batizado Blue Monday, é considerado o dia mais deprimente do ano.

O conceito foi cunhado em 2004, pelo psicólogo Cliff Arnall, convidado por uma agência de viagens, a Sky Travel, a promover uma campanha de inverno. Na altura, Arnall estabeleceu uma fórmula que combinava fatores como a meteorologia, o fim do Natal, os índices de motivação mais baixos, os falhanços nas resoluções de Ano Novo e o tempo que ainda faltava para o verão.

“Pediram-me para definir o dia que achava melhor para marcar as férias de verão”, recordou, em entrevista ao The Daily Telegraph, em 2013. Desde então, muitas outras marcas e setores tiram partido, através do marketing, do conceito criado, aproveitando, precisamente, a vulnerabilidade psicológica que os indivíduos aparentam ter nesta altura.

Se sente que pode, de alguma forma, estar a cair neste marasmo, fique a saber que existem algumas formas de o ultrapassar — não o devendo confundir com níveis mais fundos de ansiedade ou depressão, para os quais é indispensável a procura de ajuda psicológica. Se não for esse o caso, pode começar por procurar refúgio na meditação e no exercício físico. Há provas científicas de que a meditação tem um impacto positivo na saúde mental, pelo que aliada ao desporto pode representar uma melhoria do seu estado anímico ainda maior.

De acordo com a Vogue, um estudo da Rutgers University sugere que 30 minutos de cada uma destas atividades, duas vezes por semana, podem ajudar a reduzir os níveis de depressão em quase 40%. Não se deixe levar por desculpas de que precisa de inscrições no ginásio ou roupa de desporto. O Youtube está repleto de aulas que o podem ajudar — são grátis e não tem que estar apresentável para os outros.

Aventurar-se na cozinha também pode ser uma boa forma de escapar ao stress ou desânimo. Se está habituado a cozinhar por obrigação, tente desligar-se desta metodologia e deixe levar-se, sem receitas ou horários. A sua intuição manda — e o gosto pelo que está a fazer também. No final, a sensação de realização e de objetivo cumprido terá, certamente impacto na sua auto-estima e estado de espírito.

Recorrer à Natureza como escape será sempre uma possibilidade — talvez a mais antiga e instintiva que conhecemos. Uma caminhada ou um mergulho (se tiver esses níveis de coragem) são algumas das formas mais básicas. Só vá, sem música ou outros fatores de distração. Certamente vai regressar mais revigorado e com uma visão mais distante dos problemas que o estão a atormentar.

A aposta em alimentos saudáveis, ou seja, os não processados, tem um impacto comprovado nas emoções que sentimos. Um estado de espírito mais negativo é, por isso, uma boa razão — para além dos excessos cometidos no Natal e Ano Novo — para apostar numa alimentação mais saudável, onde a fruta e os vegetais são opções essenciais. Não tente elaborar muito, às vezes o que o corpo mais precisa é o que vem da terra e no seu formato mais puro.

Se está com vontade de viajar, mas a carteira não está propriamente recheada, lembre-se que um bom livro será sempre a forma mais rápida e simples de percorrer quilómetros sem sair do sofá. Estará a trabalhar o seu intelecto, distraído das preocupações diárias e a promover o seu bem-estar. Caso tenha oportunidade, dê prioridade aos livros em formato físico e renuncie ao digital, sobretudo se o seu dia-a-dia é passado em frente ao computador.

Finalmente, as duas últimas sugestões podem parecer fáceis de dizer e difíceis de cumprir — ou até lugares demasiado comuns. Mas tente dar o benefício da dúvida. Primeiro, não pense nos piores cenários. Por vezes, quanto mais pensamos que algo vai correr mal, mais nos convencemos disso e acaba por acontecer. Não deixe que a vida seja tomada pelo pessimismo que habita na sua mente.

Por outro lado, tenha especial cuidado com a forma como fala consigo mesmo. Não se trata como não deixaria que os outros o tratassem. Evite a autocrítica em demasia e o deita-abaixo. Tenha compaixão e seja gentil, porque todos cometem erros, pelo que termos um agressor interno a relembrar-nos de todas as falhas nunca será proveitoso. Seja, pelo contrário,o seu principal apoiante.

Ana Rita Moutinho //

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