Grande invasão em armazéns da ONU. Guerra em Gaza será “longa e difícil”

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World Economic Forum / Flickr

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu

Descrição de Benjamin Netanyahu, que garante destruição do Hamas. A ordem civil está a “começar a colapsar” em Gaza.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, alertou que a guerra contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza será “longa e difícil”, mas o exército “destruirá o inimigo na terra e no subsolo”.

“A guerra na Faixa de Gaza será longa e difícil e estamos prontos para ela”, disse numa conferência de imprensa em Telavive.

Os soldados israelitas prosseguiram no sábado as suas operações terrestres no território da Faixa de Gaza, depois de várias incursões na sexta-feira, confirmou o exército de Israel.

Perto do hospital

Já hoje, domingo, o Exército israelita anunciou ter atacado mais de 450 alvos militares do grupo islamita palestiniano Hamas em toda a Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.

Num comunicado divulgado nas redes sociais, as forças armadas de Israel indicaram que entre os alvos atacados estavam quartéis do Hamas, postos de observação e posições de tiro antitanque dos movimento Hamas.

Um dos ataques foi realizado perto do maior hospital de Gaza, dois dias após Israel alegar que o movimento islamita Hamas tem um posto de comando sob o Hospital Shifa.

Moradores disseram à agência de notícias Associated Press (AP) que os mais recentes ataques aéreos destruíram a maior parte das estradas que levam ao hospital, na Cidade de Gaza, que está lotado de pacientes e dezenas de milhares de palestinianos em busca de abrigo.

Um palestiniano refugiado no Sifa, Mahmoud al-Sawah, disse à AP por telefone que “chegar ao hospital tornou-se cada vez mais difícil”. “Parece que eles querem isolar a área”, acrescentou.

Outro residente da Cidade de Gaza, Abdallah Sayed, disse à agência que os bombardeamentos israelitas nos últimos dois dias foram “os mais violentos e intensos” desde o início da guerra, a 07 de outubro.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) não fizeram até ao momento qualquer comentário sobre os alegados ataques perto do Hospital Shifa.

Na sexta-feira, o porta-voz das IDF apresentou uma série de fotos aéreas e uma reconstituição em computador de como seria o dispositivo montado pelo Hamas nos hospitais do enclave, especialmente em Shifa.

O contra-almirante Daniel Hagari apresentou ainda gravações de áudio de interrogatórios de combatentes do Hamas capturados, que poderiam ter falado sob coação.

O governo do Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, rejeitou as alegações como “mentiras” e disse que eram “um precursor de um ataque” ao hospital.

Em 17 de outubro, uma explosão destruiu um outro hospital de Gaza, o Hospital Al Ahli. O Hamas acusou Israel de ter atacado o hospital com um míssil e provocado cerca de 500 mortos.

O exército israelita divulgou depois uma série de provas, incluindo imagens e conversas intercetadas, para negar qualquer responsabilidade e atribuiu a explosão a um disparo falhado de um foguete pelas milícias palestinianas em Gaza.

Um relatório dos serviços secretos norte-americanos estima que terão morrido entre 100 e 300 pessoas na explosão.

“Fujam”

O exército de Israel voltou a ordenar aos palestinianos que se desloquem para o sul da Faixa de Gaza, prometendo que a ajuda humanitária vinda do Egito será reforçada nessa zona, neste domingo.

“Civis do norte de Gaza e da Cidade de Gaza devem deslocar-se temporariamente para o sul de Wadi Gaza, para uma área mais segura onde possam receber água, alimentos e medicamentos”, disseram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

As IDF prometeram na rede social X (antigo Twitter) que “os esforços humanitários em Gaza, liderados pelo Egito e pelos Estados Unidos, serão reforçados” nessa zona, através do posto fronteiriço de Rafah, entre Gaza e o Egito.

Milhares de palestinianos regressaram ao norte de Gaza, lamentou a ONU, devido à falta de abrigo e ajuda no sul, onde várias centenas de milhares de civis se concentram perto da fronteira com o Egito, que permanece fechada.

O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla inglesa) reconhecer hoje ter poucos dados sobre a situação no enclave, devido ao corte dos serviços de comunicações, telemóvel e internet desde sexta-feira.

“A pouca informação disponível indica que nas últimas 24 horas [Gaza] sofreu os mais intensos bombardeamentos aéreos e de artilharia desde o início das hostilidades”, indicou a OCHA, que mencionou confrontos entre grupos armados palestinianos e equipas de infantaria israelita, apoiadas por veículos blindados.

Invasão a armazéns

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) afirmou que milhares de pessoas invadiram os seus armazéns em Gaza para levar alimentos e outros artigos essenciais, divulgou hoje a agência de notícias Associated Press (AP).

Thomas White, diretor da agência da ONU em Gaza, disse no domingo que a invasão foi “um sinal preocupante de que a ordem civil está a começar a colapsar”, após três semanas de guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas.

A UNRWA fornece serviços básicos a centenas de milhares de pessoas em Gaza.

As suas escolas espalhadas pelo território foram transformadas em abrigos que estão lotados com palestinianos deslocados pelo conflito.

Internet volta

Num comunicado, o gabinete da ONU sublinhou ainda que o corte das telecomunicações, devido os intensos bombardeamentos israelitas, interrompeu também o “já difícil trabalho” de distribuição de ajuda humanitária.

Entretanto o acesso à Internet está a ser restabelecido em Gaza, depois de ter sido cortado na sexta-feira devido os intensos bombardeamentos israelitas, disse hoje a plataforma Netblocks.

“Dados de rede em tempo real mostram que a ligação à Internet está a ser restabelecida na Faixa de Gaza”, disse na rede social X (antigo Twitter) a Netblocks, que monitoriza a conectividade dos utilizadores e a censura na Internet.

Um colaborador da agência de notícias France-Presse na Cidade de Gaza confirmou que conseguia aceder à Internet e à rede móvel, assim como contactar pessoas no sul de Gaza.

A empresa palestiniana de telecomunicações Paltel, a única operadora que presta serviço em Gaza, confirmou na sexta-feira o “corte completo” dos serviços de comunicações, telemóvel e internet, devido aos intensos bombardeamentos.

ZAP // Lusa

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