Um estudo recente acaba de chegar à conclusão de que os bebés prematuros com deficiência de plaquetas beneficiam mais se não receberem transfusões.
É uma conclusão contra-intuitiva: afinal, os bebés nascidos antes das 37 semanas de gestação com deficiência de plaquetas, que são essenciais ao processo de coagulação, beneficiam mais se não receberem transfusões.
Segundo explica a Visão, a falta de plaquetas pode provocar hemorragias com consequências muito graves. No entanto, ao contrário do que se pensava, a solução não passa pelas transfusões.
Aliás, a administração deste componente no sangue deve ser apenas um recurso para o bebés com os casos mais graves de trombocitopenia – a redução da contagem de plaquetas. Esta abordagem teve resultados surpreendentes ao revelar-se capaz de evitar a morte ou hemorragias graves em sete em cada 100 prematuros com falta de trombócitos.
A investigação, levada a cabo no Reino Unido, envolveu 43 unidades pediátricas e neonatais do Reino Unido, Irlanda e Holanda. Os investigadores acompanharam 660 bebés prematuros durante seis anos. Os bebés, nascidos com menos de 34 semanas de gestação, tinham uma baixa contagem de plaquetas, o que faz deste estudo, segundo o Serviço Nacional de Saúde britânico, o maior sobre este tema até à data.
Num bebé saudável contam-se, geralmente, mais de 150 mil plaquetas por microlitro de sangue. No entanto, os bebés que foram alvo de análise neste estudo apresentavam uma contagem inferior a 100.
Os bebés que apresentavam uma contagem inferior a 50, eram colocados aleatoriamente num de dois grupos: um que recebia de imediato uma transfusão e outro que só a recebia quando a contagem baixasse das 25.
“A nossa descoberta tem grandes implicações na forma como os neonatologistas usam as transfusões de plaquetas em bebés prematuros com poucas plaquetas”, afirmou o cientista Simon Stanworth, da Universidade de Oxford, e um dos envolvidos na investigação.
Embora seja frequente os médicos administrarem plaquetas a bebés com baixas contagens e sem sinais de hemorragias, só para prevenir, ainda não era claro a partir de que nível de plaquetas devia ser aplicado este procedimento, conhecido como transfusão profilática.
O estudo foi publicado no início deste mês no New England Journal of Medicine.