Médicos defendem que o trabalho realizado nas urgências tem de ser conciliado com o estudo normal para quem ainda não terminou a sua formação específica.
Um grupo de 416 médicos internos de Medicina Interna (MI) assinaram e enviaram à ministra da Saúde uma carta onde se se dizem exaustos, incompreendidos e numa “espiral de insatisfação” que se vai “agravando todos os dias“.
Simultaneamente, no documento, dão conta da sua recusa em fazer mais do que as 150 horas de serviço extraordinário anuais previstas por lei, mas também dos seus planos de entregar escusas de responsabilidade sempre que forem destacados para serviços de urgência que não cumpram o regulamento das escalas.
De acordo com o depoimento de uma médica interna ao Público, no seu hospital, que, garante, não ser “dos que funciona pior”, os médicos internos que são “sistematicamente” escalados para a urgência externa, para lá das 150 horas anuais previstas por lei.
“Há colegas que atingem o limite nos primeiros meses do ano e, continuamente, por falta de especialistas, continuam a ser escalados. Isto compromete o cuidado aos doentes, por estarmos cansados, e também a nossa formação“, refletiu.
A carta descreve o caso do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, sobre o qual é dito que “as escalas de urgência de MI (Medicina Interna) ficam repetidamente fragilizadas e reduzidas a internos de MI”. Mesmo assim, denunciam, este não é caso único.
Os signatários da carta lembram ainda que este trabalho tem de ser conciliado com o estudo normal para quem ainda não terminou a sua formação específica, a aprendizagem de técnicas inerentes ao trabalho ou a publicação de artigos científicos, duas componentes de caráter obrigatório.
Finalmente, é referida a “estagnação” da remuneração dos médicos internos, cerca de 1300 euros. No entender dos 416 médicos, este valor contribui para o que consideram uma “falta de reconhecimento pelas funções que um médico exerce tendo em conta o grau de exigência inerente à profissão e ao desgaste que a mesma implica”.
“O sentimento de exaustão e incompreensão a que os internos de todo o país estão sujeitos vai-se alastrando”, alertam.
Os médicos informaram ainda a Ministra da Saúde da sua intenção de entregar, individualmente, aos hospitais onde exercem funções, uma “minuta de recusa de realização de mais de 150 horas extra por ano, assim como minutas de escusa de responsabilidade, isto sempre que sejam “destacados para trabalho em urgência e as escalas de urgência não estiverem de acordo” com o definido por lei.
exaustidão???! isso é o quê?