O módulo de aterragem InSight da NASA colocou o seu primeiro instrumento à superfície de Marte, alcançando um importante marco da missão.
Novas imagens do “lander” mostram o sismómetro no chão, a sua cobertura de cor de cobre levemente iluminada pelo crepúsculo marciano. A missão tem decorrido sem problemas. “O cronograma de atividades do InSight em Marte tem até corrido melhor do que esperávamos” comenta Tom Hoffman, gerente do projeto InSight, no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia. “A colocação do sismómetro no chão, e em segurança, é um grande presente de Natal.”
A equipa do InSight tem trabalhado com cuidado para implantar os seus dois instrumentos científicos no solo marciano desde que este pousou em Marte no dia 26 de novembro. Entretanto, a experiência RISE (Rotation and Interior Structure Experiment), que não tem o seu próprio instrumento separado, já começou a usar a ligação rádio do InSight com a Terra para recolher dados preliminares sobre o núcleo do planeta.
Ainda não passou tempo suficiente para os cientistas deduzirem o que querem saber – os cientistas estimam que podem ter alguns resultados daqui a mais ou menos um ano.
Para a implantação do sismómetro (também conhecido como SEIS – Seismic Experiment for Interior Structure) e da sonda de calor (também conhecida como HP3 – Heat Flow and Physical Properties Probe) no solo, os engenheiros tiveram primeiro que verificar que o braço robótico que levanta e coloca os instrumentos na superfície marciana estava a funcionar corretamente.
Os engenheiros testaram os comandos do módulo de aterragem, certificando-se de que um modelo no leito de testes, no JPL, implantava os instrumentos exatamente como planeado. Os cientistas também tiveram que analisar imagens do terreno marciano em redor do “lander” para descobrir os melhores lugares onde colocar os instrumentos.
Na passada terça-feira, dia 18 de dezembro, os engenheiros do InSight enviaram os comandos para o módulo. Na quarta-feira, dia 19 de dezembro, o sismómetro foi gentilmente colocado no chão diretamente em frente do “lander”, aproximadamente à distância máxima alcançada pelo braço robótico – 1,6 metros.
“A colocação do sismómetro é tão importante quanto a aterragem do InSight em Marte,” comenta o investigador principal da missão, Bruce Banerdt, também do JPL. “O sismómetro é o instrumento de maior prioridade do InSight: precisamos dele para completar cerca de três-quartos dos nossos objetivos científicos.”
O sismómetro permite que os cientistas perscrutem o interior de Marte através do estudo do movimento do solo – também conhecido como sismos marcianos. Cada sismo marciano atua como uma espécie de “flash” que ilumina a estrutura do interior do planeta. Ao analisarem como as ondas sísmicas atravessam as camadas do planeta, os cientistas podem deduzir a profundidade e composição destas camadas.
“Ter um sismómetro no chão é como segurar um telefone ao ouvido,” comenta Philippe Lognonné, investigador principal do SEIS do IPGP (Institut de Physique du Globe de Paris) e da Universidade Paris Diderot.
“Estamos entusiasmados por estar agora na melhor posição para ouvir todas as ondas sísmicas à subsuperfície e no interior profundo de Marte.” Nos próximos dias, a equipa do InSight vai trabalhar para nivelar o sismómetro, que está sobre um terreno inclinado 2 a 3 graus. Os primeiros dados científicos do sismómetro devem começar a ser transmitidos para a Terra após o instrumento ficar na posição correta.
Mas os engenheiros e cientistas do JPL, da agência espacial francesa e de outras instituições afiliadas à equipa do SEIS, precisarão de várias semanas adicionais para garantir que os dados enviados são os mais claros possíveis. Por um lado, vão verificar e possivelmente ajustar o cabo longo e forrado que liga o instrumento ao “lander”, a fim de minimizar o ruído que possa viajar por ele até ao sismómetro. Depois, no início de janeiro, os engenheiros esperam comandar o braço robótico para posicionar o escudo termal e de vento sobre o sismómetro para estabilizar o ambiente em torno dos sensores.
Assumindo que não existem problemas inesperados, a equipa do InSight planeia colocar a sonda de calor à superfície no final do mês de janeiro. O instrumento HP3 será colocado no lado este do espaço de trabalho do módulo, mais ou menos à mesma distância do “lander” do que o sismómetro.
No entanto, por agora, a equipa está focada em obter os primeiros dados sísmicos (embora barulhentos) da superfície marciana. “Estamos ansiosos por abrir uma garrafa de champanhe quando começarmos a recolher dados do sismómetro do InSight,” acrescenta Banerdt. “Tenho uma garrafa guardada para a ocasião.”
A sonda aterrou em Marte ao fim de uma viagem de seis meses e meio, depois de ter sido lançada para o espaço a 5 de maio deste ano. O “lander” InSight representa o regresso das sondas à superfície de Marte depois de um interregno de seis anos, desde que a sonda Curiosity chegou à superfície do planeta em 2012.
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