“Sinto-me gay e migrante”. Infantino sabe o que é ser “discriminado” porque era ruivo com sardas em criança

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Jose Mendez / EPA

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, durante o 66º Congresso da organização

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, diz sentir-se “qatari, árabe, gay, deficiente e trabalhador migrante”, notando que em criança, também foi “discriminado” por ser ruivo e ter sardas. Assim, critica as “lições morais” de quem se insurge contra o Mundial 2022 no Qatar.

“Hoje sinto-me qatari, sinto-me árabe, sinto-me africano, sinto-me homossexual, sinto-me deficiente, sinto-me um trabalhador imigrante. E sinto tudo isto” porque me traz de volta à “minha história pessoal”, começa por destaca Infantino num monólogo teatral durante uma conferência de imprensa na véspera do pontapé de saída no Mundial 2022 no Qatar.

Sou filho de trabalhadores migrantes… Os meus pais trabalharam muito, em condições muito, muito difíceis”, salienta ainda o presidente da FIFA.

“Em criança, fui discriminado (na Suíça) porque era ruivo e tinha sardas, era italiano, falava mal alemão”, acrescenta também.

Assim, Infantino considera que “o que está a acontecer neste momento é profundamente, profundamente injusto“. “As críticas ao Mundial são hipócritas“, defende, lembrando a história europeia.

Pelo que nós, europeus, fizemos nos últimos 3.000 anos, devemo-nos desculpar pelos próximos 3.000 anos antes de dar lições morais aos outros. Estas lições morais são apenas hipocrisia”, reforça o presidente da FIFA.

Dando o seu exemplo pessoal enquanto criança “vítima de bullying“, Infantino também refere que, nesses casos, o que se faz é tentar “reagir e fazer amigos”. “Não começamos a acusar, a lutar e a insultar, começamos a reagir”, aponta.

“Se precisarem de criticar alguém, não coloquem pressão sobre os jogadores ou os treinadores. Se quiserem criticar, podem crucificar-me. Estou aqui para isso. Não critiquem o Qatar. Deixem as pessoas desfrutar deste Mundial”, pede ainda.

Sobre a proibição de venda de álcool nos estádios do Mundial 2022, Infantino refere que “os adeptos podem estar 3 horas sem cerveja”. Além disso, lembra que há “muitos países que proíbem o álcool nos estádios, como França, Espanha”, mas que como o Qatar “é um país muçulmano”, já é “um problema”.

E quanto aos alegados “adeptos falsos” contratados pela organização do Mundial do Qatar para apoiar as Selecções presentes na prova, Infantino fala em “puro racismo”.

“Não parecem ingleses, não devem torcer por Inglaterra porque parecem indianos. O que é isto? Pode alguém que parece um indiano não torcer por Inglaterra, Espanha ou Alemanha?”, questiona o presidente da FIFA num tom indignado.

Director de comunicação da FIFA assume homossexualidade

Como se já não fossem bastante insólitas as declarações de Infantino, com um teor bastante pessoal, a conferência de imprensa de lançamento do Mundial fica ainda marcada pelo momento em que o director de comunicação da FIFA resolveu “sair do armário”, assumindo que é homossexual.

“Já passei algum tempo a trabalhar ao lado de Infantino senti-me sempre apoiado e ajudado. Sou homossexual, tal como muitos outros companheiros na FIFA, e sempre senti o apoio”, aponta Bryan Swanson em declarações divulgadas pela imprensa mundial.

“A FIFA é uma organização que é inclusiva e que está sempre preparada para ajudar todas as pessoas. Estamos aqui, no Qatar, para trabalhar, e não tivemos qualquer problema”, aponta ainda Swanson.

Note-se que no Qatar, a homossexualidade é crime que pode ser punido com a pena de morte.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. O sr. Infantino, que é europeu, devia lembrar-se que nos últimos 3.000 anos (que exagero, já agora!) não foram só os europeus a fazer porcaria. Por exemplo, vários povos asiáticos, começando precisamente pelos Árabes, passando por Hunos, Mongóis, Turcos e Chineses Han, também escravizarm e impuseram pelas armas as suas leis a outros povos (asiáticos e até europeus).

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