Para combater inundações e secas, a Índia pretende interligar grandes rios, criando uma rede de 12.500 quilómetros.
O projeto, apoiado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, visa ligar 14 rios do norte da Índia e 16 das regiões ocidental, central e meridional do país através de 30 canais.
O objetivo principal do projeto está ligado à redução de secas e inundações, à criação de 35 milhões de hectares de terra arável, bem como à geração de 34 mil megawatts de energia hidroelétrica.
Entretanto, os especialistas ambientais acreditam que a iniciativa vai trazer mais pontos negativos do que positivos, para a Índia – porque as oscilações climáticas causaram mudanças no regime de chuvas e a instalação de uma enorme rede de canais não seria uma decisão sábia.
“A escassez de água de pode tornar-se um excedente de água no futuro devido à mudança climática”, disse Sachin Gunthe, investigador do Instituto Indiano de Tecnologia em Madras, citado pela New Scientist.
Os geólogos também observam que a interligação dos rios pode prejudicar a agricultura, uma vez que os campos agrícolas foram construídos ao longo de séculos perto das margens dos rios.
Além disso, enquanto a iniciativa é direcionada para reduzir inundações, os especialistas dizem que o projeto ignora o fato de que as inundações carregam enormes volumes de lodo, responsável pela redução da erosão costeira.
O programa prevê a construção de vastos reservatórios para controlar e armazenar água, de acordo com Sunita Narain, diretora do Centro de Ciência e Meio Ambiente, uma ONG em Delhi. Segundo Narain, os reservatórios causarão o deslocamento de milhares de pessoas.
A ambientalista diz que os animais selvagens também vão sofrer, pois o projeto visa a destruição de cerca de 4.100 hectares de floresta, incluindo os 58 km² da reserva dos tigres de Panna.
Apesar de todos os alertas dos ativistas ambientais, o governo parece determinado a seguir em frente com a realização do projeto, que, tudo indica, começará em breve.