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A água não resulta: o que são estes incêndios de sexta geração?

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Erdem Sahin / EPA

Os incêndios florestais são mais difíceis de combater; a água não adianta e o clima à volta muda por causa da energia que libertam.

Os incêndios voltam a dominar notícias em alguns dias deste Verão, em Portugal.

Não tanto como noutros anos históricos mas, por exemplo, Odemira foi preenchendo conversas na semana passada.

E, nos últimos anos, chegou a Portugal um fenómeno que não era comentado por cá: os incêndios de sexta geração.

São incêndios que se espalham mais rapidamente e que são mais difíceis de apagar.

“Devido às alterações climáticas e ao abandono do mundo rural, a carga de combustível vegetal nas florestas aumenta, o que torna os incêndios mais virulentos e frequentes, devido aos longos períodos de seca que estamos a ter”, explica Raúl Arias, técnico de defesa florestal, no canal Euronews.

Joaquim Sande Silva, professor de ecologia do fogo, acrescentou que estes “super-incêndios”, ou “tempestades de fogo”, têm um comportamento extremo, “geram a sua própria meteorologia, com fenómenos erráticos do fogo que tornam ainda mais difícil a sua extinção”.

Na rádio Observador, o especialista descreveu o pirocúmulo, que está associado aos incêndios de sexta geração: “São cúmulos, nuvens, geradas pelo próprio incêndio devido à ascensão vertical do ar através de movimentos de convexão, que originam uma subida em grande altitude de massas do ar – que criam arrefecimento, condensação e descargas eléctricas”.

Este processo torna muito difícil fazer previsões; são fenómenos muito locais, sujeitos a condições muito locais.

Aconteceu, por exemplo, em Pedrógão Grande, o caso mais mediático em Portugal. Com peso dessa massa de ar mais fria, que fica mais pesada, “a coluna de convexão pode colapsar, o ar pode descer rapidamente e chocar com a superfície da Terra, originando ventos horizontais extremamente violentos”. É um downburst, uma rajada descendente.

Nestes incêndios de sexta geração, muitas vezes a água nem chega às chamas porque evapora antes de chegar ao fogo – devido à energia libertada pelo próprio incêndio.

Então, como combater? “Não há soluções milagrosas”, respondeu o professor. Mas devemos adoptar as técnicas de combate indirecto: interromper o combustível e fogo táctico – que impede expansão porque as zonas novas já estão queimadas.

Também se deve “trabalhar o comportamento dos cidadãos” em Portugal, na prevenção das ignições – muitos incêndios começam com origem humana e negligente. E “há muito trabalho a fazer” no combate aos incêndios.

Em relação à origem, há uma ligação directa com alterações climáticas, com as ondas de calor, mas também com a “progressiva acumulação de combustível nas nossas paisagens, com as opções de arborização com espécies de crescimento rápido que repõem rapidamente o combustível”, descreveu Joaquim Sande Silva.

Os incêndios de sexta geração não eram conhecidos no sul da Europa; por cá é um fenómeno recente. Mas já havia relatos noutros continentes, onde há florestas muito antigas, com acumulação de combustível – como América do Norte e Oceania.

E vamos ter mais incêndios de sexta geração na Península Ibérica. Além disso, a “onda” vai começar mais cedo, como em Abril, e a acabar mais tarde, já no Outono.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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4 Comments

  1. Um dia, nesse programa “como são feitas as coisas” ou algo parecido ensinavam como se fabricam “sparklers”. Um dia, tive um sonho ruim e imaginei que o céu andava a ser enchido com esse tipo de substancias. Que sucederia quando isso chegasse cá em baixo à terra e às árvores ? Não interessa, porque foi apenas um sonho ruim.

  2. Nesse programa “como são feitas as coias” ou algo parecido ensinavam como se fabricam “sparklers”. Um dia, tive um sonho ruim e imaginei que o céu andava a ser enchido com esse tipo de substancias. Que sucederia quando isso chegasse cá em baixo à terra e às árvores ? Não interessa, porque foi apenas um sonho ruim.

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