“Incendiário e irresponsável”. Ministro da Economia foi um “erro de casting”

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António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

Marques Mendes considera que a resposta do Governo à subida dos preços dos alimentos deixou muito a desejar e critica principalmente o Ministro da Economia.

No seu habitual espaço de comentário semanal na SIC, Luís Marques Mendes alertou para os riscos da nova crise na banca, que trouxe de volta “o fantasma da crise financeira de 2008”.

Um dos principais problemas é o Crédit Suisse, que “é um banco demasiado grande para poder cair“, mas que “tem prejuízos há vários anos, tem problemas graves de reputação; e tem um problema de opacidade que gera muita desconfiança”.

Em segundo lugar, a incerteza pode levar a “menos crédito às empresas, porque os bancos se tornarão mais conservadores e prudentes; menos investimento no horizonte; menos crescimento económico e menos emprego”.

O comentador aponta ainda o “dilema sério” das taxas de juro. “Continuar a subir taxas de juro pode ser um problema para alguns bancos, que têm muita dívida pública, e que com juros mais altos a vêem desvalorizar. Mas parar a subida de juros com uma inflação alta pode ser o caminho para perpetuar uma inflação elevada anos a fio”, alerta.

Sobre a crise gerada em torno dos preços dos alimentos, Marques Mendes acusa o Ministro da Economia de ser um “agente incendiário e irresponsável“. “Lançou para cima de um sector, sem factos nem provas, as culpas da situação. Anteontem, recuou no seu populismo, mas o mal estava feito. Este Ministro é um erro de casting”, aponta.

O ex-líder do PSD considera ainda que há duas coisas que o Governo devia ter feito antes de apontar o dedo aos supermercados: “promover junto de uma entidade independente, tipo Autoridade da Concorrência, a realização de um estudo credível, da produção à distribuição, para ver com solidez onde há falhas” e “promover um acordo com supermercados e hipermercados, como em França, para tentar baixar preços ou limitar a sua subida”.

“Esta tensão é útil ao país”

Marques Mendes comentou ainda o bate-boca entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, depois de o primeiro-ministro ter rejeitado a ideia de que a maioria absoluta do PS está “cansada” ou “requentada”.

Há uma tensão no ar entre PR e PM. Ao contrário do que possa pensar-se, esta tensão é útil ao país. Não se trata de o PR passar a ser oposição. Esse não é o seu papel. Mas, se Marcelo não fizer pressão sobre o Governo, o país afunda-se ainda mais”, afirma.

“O Governo leva sete anos de poder. Com exceção da redução do défice e da dívida, não tem obra a apresentar. A Saúde, a Educação, a Habitação ou a Justiça estão pior do que estavam há 7 anos. O Governo tem uma maioria absoluta, mas não sabe o que fazer com ela. Não tem um projecto transformador do país“, critica.

Marques Mendes frisa ainda que a grande preocupação do Governo é agora a “propaganda”. “Anda a contratar em força profissionais de comunicação. Até o “guru” do sector, Luís Paixão Martins, foi contratado pelo PS. Um Governo que troca a política pela propaganda é um Governo em fim de ciclo“, atira.

O comentador da SIC falou ainda da situação na Marinha, descrevendo a recusa dos militares em embarcar como algo que “não pode ser tolerado“. “Já não estamos no tempo do PREC, de 1974 e 1975, e da legitimidade revolucionária do pós-revolução. Esta insubordinação mina a imagem das Forças Armadas e a reputação do país junto dos seus parceiros do NATO”, enumera.

“Mesmo que houvesse risco, a obrigação dos militares era cumprir a decisão do Comando do Navio. São as regras da vida militar. O mais preocupante de tudo: a imagem “desgraçada” que o país vai cultivando das suas Forças Armadas. Há uns anos, foi o assalto a Tancos; há meses, foram os Leopard 2 que não podiam ir para a Ucrânia porque estavam inoperacionais; agora, é a indisciplina na Marinha. Nada disto é bom”, remata.

Adriana Peixoto, ZAP //

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