Para manter serviços públicos e preservar património, o Governo da Nova Zelândia anunciou aumento de 285% na taxa de entrada de turistas.
O turismo continua a dividir opiniões e reacções. Se, por um lado, melhora o negócio de muita gente, por outro já começa a ser um exagero para muitas outras pessoas – incluindo governantes.
Em Portugal, o excesso de turistas está a perturbar a vida de muitos portugueses que estão cada vez mais fartos do turismo. Dezenas de municípios já cobram uma taxa turística.
Em Itália, há proibições de levar toalhas para a praia ou semáforos para evitar o congestionamento de turistas a tirar selfies, no meio de regras caricatas.
Em Espanha, uns começaram a disparar na direcção de turistas (com água!) e outros preferiram colocar… fezes em cofres.
O excesso de turistas contribui para a degradação de locais históricos, o entupimento dos transportes públicos, mais poluição, aumento de preços e redução da oferta de habitações para os residentes.
Foi parcialmente por estes motivos que o Governo da Nova Zelândia anunciou nesta terça-feira um aumento de 285% na taxa de entrada de turistas a partir de outubro.
É um imposto destinado a ajudar a manter os serviços públicos e a preservar o património.
Os visitantes que chegarem ao país a partir de 1 de outubro vão ter de pagar 100 dólares neozelandeses (56 euros) pela taxa de conservação e turismo para visitantes internacionais, em vez dos atuais 35 dólares neozelandeses (20 euros).
Este imposto, adicional às taxas de visto, vai cobrir parte dos custos do turismo no país, justificou o ministro do Turismo e da Hotelaria, Matt Doocey, de acordo com um comunicado oficial.
“O turismo internacional tem custos para as comunidades locais, incluindo uma pressão adicional sobre as infraestruturas regionais e o aumento dos custos de manutenção e conservação em toda a nossa área de conservação”, afirmou Doocey, salientando a contribuição significativa do setor do turismo para a economia local.
Cerca de 4,9 milhões de turistas visitaram a Nova Zelândia em 2023 e contribuíram com cerca de 11 mil milhões de dólares neozelandeses (6,17 mil milhões de euros) para a economia, de acordo com dados oficiais.
Doocey disse que, apesar do aumento da taxa, implementada a partir de 2019, o Governo da Nova Zelândia está empenhado em continuar a desenvolver o setor e que o novo imposto, que representa menos de 3% do gasto total por visitante, “é improvável” que tenha um impacto significativo no número de visitantes.
No entanto, Rebecca Ingram, diretora executiva da Aotearoa Indústria Turística, associação que representa vários setores da indústria do turismo, disse acreditar que este aumento vai afastar cerca de 48 mil visitantes e reduzir os gastos dos turistas, de acordo com declarações à emissora pública Radio New Zealand.
ZAP // Lusa