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Cientistas implantam (e apagam) memórias falsas nas mentes de voluntários

Uma equipa de cientistas alemães mostrou como memórias falsas podem ser facilmente implantadas e apagadas da mente de pessoas. As descobertas têm sérias implicações no sistema judicial.

As memórias não são confiáveis, até porque o cérebro pode lembrar-se de detalhes que nunca aconteceram. Uma equipa de cientistas decidiu analisar esse mistério da neurociência: as falsas memórias e como podem ser revertidas.

“Acho interessante, mas também assustador, que baseemos toda a nossa identidade e o que pensamos sobre o nosso passado em algo que é tão maleável e falível“, disse a psicóloga Aileen Oeberst, da Universidade de Hagen, numa entrevista ao Inverse.

Neste novo estudo, a equipa alemã implantou, com sucesso, memórias falsas num grupo de 52 voluntários, com uma média de idades de 23 anos, antes de as reverter.

Os pais dos participantes identificaram eventos na vida dos filhos que tinham acontecido e outros inventados, e os investigadores questionaram os voluntários acerca desses eventos e pediram que relembrassem os detalhes.

Depois de terem repetido o processo, na terceira sessão, a maioria dos participantes acreditava que os eventos falsos tinham mesmo acontecido. Segundo o Interesting Engineering, mais de 50% dos voluntários desenvolveram memórias falsas sobre esses eventos.

Apesar de outros estudos terem investigado formas de implantar falsas memórias no cérebro, Oeberst e a sua equipa são os primeiros a tentar revertê-las.

Os cientistas pediram aos voluntários que apenas identificassem a fonte da memória e explicaram, sem nunca revelar o que havia acontecido, que ser pressionado a lembrar detalhes de uma memória pode induzir memórias falsas.

Cerca de um ano depois, 74% dos voluntários tinham “perdido” as memórias falsas.

A equipa defende que estes métodos podem ajudar a prevenir o problema das falsas acusações e depoimentos de testemunhas em tribunais. O artigo científico com as descobertas foi recentemente publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

Liliana Malainho, ZAP //

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