A Coreia do Norte ameaçou na terça-feira acelerar o seu programa de armamento nuclear e procurar “novos caminhos” para defender os seus interesses, perante o impasse nas negociações com os Estados Unidos (EUA).
Os EUA exigem que a Coreia do Norte renuncie imediatamente a todo o seu arsenal nuclear, enquanto Pyongyang pede para que seja levantada parte das sanções económicas internacionais, num impasse negocial que dura há vários meses.
Na terça-feira, Ju Yong Chol, representante norte-coreano na Organização das Nações Unidas (ONU), disse perante a Conferência de Desarmamento que decorre em Genebra que os esforços do seu país para negociar com os EUA estão a esbarrar em obstáculos intransponíveis, ameaçando acelerar o seu programa nuclear, noticiou a agência Lusa.
“Embora os Estados Unidos falem de uma retoma do diálogo, não pretendem abandonar a sua política hostil em relação à República Popular Democrática da Coreia”, indicou Ju Yong Chol, perante uma plateia de diplomatas nas Nações Unidas.
Após uma dramática aproximação em 2018, as negociações sobre a questão nuclear norte-coreana estagnaram, desde o fracasso da cimeira de Hanói, em fevereiro de 2019, entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Em dezembro passado, Kim Jong-un anunciou aos dirigentes do seu partido que se sentia desobrigado de cumprir a moratória de testes balísticos intercontinentais, dizendo estar apostado em desenvolver novas armas estratégicas.
Na terça-feira, o representante da Coreia do Norte disse que se os EUA persistissem “em impor sanções e exercer pressão” sobre o seu país, o seu Governo seria “forçado a procurar novos caminhos para defender a soberania e os supremos interesses nacionais”.
“Como ficou claro agora que os Estados Unidos continuam a insistir em bloquear o desenvolvimento da Coreia do Norte e a sufocar o seu sistema político, não encontramos motivos para continuar unilateralmente a respeitar um compromisso que a outra parte não respeita”, sublinhou o diplomata.
O embaixador norte-americano na Conferência sobre Desarmamento, Robert Wood, considerou essas observações “bastante preocupantes”.
“O que esperamos é que eles tenham a atitude certa e voltem à mesa de negociações para tentar encontrar um acordo que nos permita manter o compromisso firmado pelo Presidente Trump e pelo Presidente Kim Jong-un de desnuclearizar a Coreia do Norte“, referiu Wood aos jornalistas no final da conferência.