Imagem inédita revela montanhas de gelo em Plutão

Plutão tem montanhas feitas de gelo que são tão altas como as Montanhas Rochosas nos EUA, revelam imagens da sonda New Horizons, da NASA, divulgadas esta quarta-feira. As fotos mostram também sinais de atividade geológica em Plutão e na sua lua Caronte.

Os cientistas apresentaram as primeiras imagens capturadas pela sonda New Horizons durante sobrevoo histórico sobre o planeta-anão.

A nave sobrevoou o planeta-anão esta terça-feira, a 12.500 quilómetros da superfície, recolhendo uma grande quantidade de dados.

O investigador John Spencer disse aos jornalistas que uma imagem da superfície de Plutão mostra que a área foi transformada por um processo geológico – como o vulcanismo – nos últimos 100 milhões de anos.

“Não encontramos nenhuma imagem de crateras de impacto. Isso significa que deve ser uma superfície muito jovem“, disse.

Esta geologia ativa precisa de uma fonte de calor. Isso só tinha sido visto antes em luas geladas, onde pode ser explicado pelo “aquecimento de marés” causada por interações gravitacionais com o planeta principal.

“Não precisamos de aquecimento de marés para dar força a aquecimentos geológicos em corpos de gelo. Essa é uma descoberta importante que fizemos esta manhã”, disse Spencer. Outra cientista, Cathy Olkin, sublinha que “isto excede o que procurávamos”.

A mesma imagem mostra, no limite da região, montanhas que chegam a 3.300 metros de altura – e que foram compradas pelos cientistas às Montanhas Rochosas dos Estados Unidos.

John Spencer disse que o metano e o nitrogénio gelados que revestem a superfície de Plutão não eram fortes o suficiente para formar montanhas, e portanto estas seriam provavelmente formadas pela base de rochas, água e gelo de Plutão.

“A água congelada nas temperaturas de Plutão é forte o suficiente para sustentar grandes montanhas”, disse.

Memória

A equipa de investigadores também batizou uma região proeminente, em formato de coração, com o nome Tombaugh Regio, em homenagem ao astrónomo Clyde Tombaugh, que descobriu Plutão em 1930.

New Horizons / NASA

A última imagem enviada pela New Horizons antes da sua passagem por Plutão, a 14 de julho de 2015

A última imagem enviada pela New Horizons antes da sua passagem por Plutão, a 14 de julho de 2015

As novas imagens aproximadas da lua Caronte revelaram um abismo de até 9,6 quilómetros e também indícios de renovação da superfície.

“Originalmente pensei que Caronte teria um terreno antigo coberto de crateras”, disse Olkin.

“Indo de nordeste para sudoeste há uma série de valas e penhascos que se estendem ao longo de 960 quilómetros pela lua”, disse.

Uma região escura no polo da lua tem aparência vermelha e foi chamada informalmente de Mordor, em referência aos livros da série Senhor dos Anéis, de J.R.R Tolkien.

A primeira foto de boa resolução de Hydra, a pequena lua de Plutão, revela um corpo alongado com uma superfície predominantemente feita de água congelada. Os cientistas estimam que ela tenha 43 quilómetros por 33.

A foto contém poucos pixels porque a lua é muito pequena e distante – a New Horizons tirou a foto a 650 mil quilómetros.

Todas estas imagens foram captadas com uma resolução muito mais alta do que qualquer outra obtida até então.

A equipa da missão da New Horizons disse que apenas uma pequena parte do total de dados obtidos foi enviada de volta à Terra, o que se deve ao facto de que a sonda continua a fazer observações do lado escuro de Plutão.

O objetivo da missão é continuar a olhar para Plutão durante outras duas rotações completas – que correspondem a 12 dias na Terra.

ZAP / BBC

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