As ilhas Selvagens, no arquipélago da Madeira, apresentam o ecossistema “mais intacto” do Atlântico, de acordo com um estudo da ‘National Geographic’ realizado entre 2015 e 2016, anunciou hoje a Fundação Oceano Azul.
“Nos arquipélagos do Atlântico Nordeste, que incluem os Açores, a Madeira, Cabo Verde e as Canárias, as ilhas Selvagens destacam-se pela natureza intacta que apresentam“, refere a Fundação Oceano Azul, que participou, em setembro de 2015, na expedição “Pristine Seas”, organizada pela ‘National Geographic’, em parceira também com a Fundação Waitt.
O projeto teve por objetivo avaliar o estado do meio marinho e encontrou nas Selvagens uma reserva natural localizada a 300 quilómetros a sul da Madeira, um ecossistema “vibrante, equilibrado e com uma enorme diversidade de fauna e flora“.
A equipa de investigação da Pristine Seas comparou, depois, o estado de saúde do ecossistema marinho das Selvagens com o da ilha da Madeira, numa segunda expedição realizada em julho de 2016.
“Deste estudo comparativo resultou um artigo científico, publicado no jornal científico “PLOS ONE”, que revela resultados surpreendentes acerca do estado do ecossistema marinho da ilha da Madeira, densamente povoada e desenvolvida, em comparação com o da Reserva Natural das ilhas Selvagens, uma área marinha de proteção total até aos 200 metros de profundidade e com impacto humano direto reduzido”, indica a Fundação Oceano Azul.
No entanto, apesar destes resultados, existem “ameaças” ao ambiente marinho das Selvagens, que incluem a pesca ilegal e a pesca de grandes pelágicos, como o atum, nas zonas limítrofes à área da reserva.
“A expansão da área marinha protegida da Reserva Natural das ilhas Selvagens garantirá que a zona costeira continuará a ser protegida, mas permitirá também proteger uma parte importante das espécies que habitam esta região do Atlântico Nordeste”, indica o estudo, sugerindo ainda a necessidade de “melhorar as medidas de gestão das pescas e a proteção das zonas costeiras na Madeira”.
A Reserva Natural das Selvagens poderá, segundo os investigadores, servir de exemplo sobre como proteger um dos “últimos redutos selvagens do planeta” antes que seja “demasiado tarde” e, por outro lado, permitirá a recuperação de espécies alvo de pesca e que se encontram com problemas de sustentabilidade.
“A expansão significativa da reserva é essencial para garantir a conservação do vibrante mas frágil ecossistema marinho, protegendo-o contra os impactos da sobrepesca e das alterações climáticas”, refere o estudo.
// Lusa
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