Ilha vulcânica brasileira com 40 milhões de anos é hoje um tesouro intocável

Uma antiga ilha nascida há aproximadamente 40 milhões de anos, filha de atividade vulcânica, já esteve coberta por uma luxuosa vegetação tropical, mas hoje é a casa de inúmeros minerais essenciais para a tecnologia moderna.

Submersa ao largo da costa brasileira, a Elevação do Rio Grande estende-se por cerca de 150 mil quilómetros quadrados, a 700 a 2000 metros de profundidade.

Em análises ao solo ocidental da formação — que provaram que foi, no passado, uma ilha —, identificaram uma composição do solo que inclui argila vermelha semelhante à “terra roxa” brasileira de São Paulo, que resultou da exposição ao clima quente e húmido com vulcanismo ativo durante a época do Eoceno, há cerca de 30 a 40 milhões de anos.

“A nossa pesquisa e análise permitiram-nos determinar que era de facto uma ilha,” explicou o autor do estudo, Luigi Jovane, em comunicado.

“Falando geologicamente, descobrimos que a argila foi formada após a última atividade vulcânica ocorrida há 45 milhões de anos. A formação, portanto, data de entre 30 milhões e 40 milhões de anos atrás. E deve ter sido formada como resultado dessas condições tropicais,” acrescenta.

Significa isto que Elevação do Rio Grande não estava submersa, como hoje, que é conhecida por por ser rica em minerais essenciais para a tecnologia moderna e para o abandono dos combustíveis fósseis, como cobalto, lítio, níquel e elementos de terras raras como o telúrio.

É uma ilha riquíssima, mas ao mesmo tempo, intocável.

Rica e intocável (por duas razões)

A propriedade e direitos de extração dos valiosos minerais da Elevação é uma questão complexa há algum tempo.

Localizada em águas internacionais, a 1200 quilómetros da costa do Brasil, a governação da Elevação está, de acordo com o IFL Science, sob a autoridade da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos.

O governo brasileiro quer estender a sua plataforma continental para incluir o a rica ilha submersa, mas vê-se impedida pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que restringe o território marítimo de uma nação a não mais do que 200 milhas náuticas além da sua costa.

Além disso, o potencial impacto da extração mineral na área exige uma análise minuciosa da sustentabilidade ambiental. O ecossistema da região, incluindo os seus animais, fungos e corais, poderia ser gravemente afetado, de acordo com estudo publicado na Scientific Reports em novembro passado.

“Quando se interfere numa área, tem de se saber como é que isso afeta os animais, fungos e corais, e entender o impacto que terá nos processos cumulativos envolvidos,” afirma o autor.

ZAP //

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