Ikea pede desculpa por anúncio infeliz sobre chinesas solteiras

 

A filial chinesa da empresa sueca de mobiliário Ikea pediu desculpa e retirou do ar um anúncio televisivo na China que causou polémica por ser “sexista”.

O anúncio retrata uma cena familiar em que uma mãe repreende a filha por não ter namorado. No momento seguinte, o namorado bate a porta e o cenário muda por completo. A família celebra em torno da mesa de jantar enquanto que a filha observa a cena perplexa.

O anúncio televisivo gerou polémica na China, especialmente nas redes sociais, por ser “sexista” e alimentar uma ideia errada e ultrapassada acerca das mulheres solteiras.

Na China há uma grande pressão social em torno do casamento. As mulheres solteiras com mais de 27 anos são apelidadas de Sheng Nu, ou “mulheres que sobram“, sendo vítimas de uma crescente estigmatização.

“Ainda que este tipo de situação aconteça no seio de muitas famílias chinesas, é errado retratá-lo num anúncio comercial”, afirma um utilizador do Weibo, a rede social mais popular na China.

A Ikea retirou o anúncio da televisão chinesa e escreveu uma mensagem a lamentar a situação, admitindo ter passado “a ideia errada”. Ainda assim, justificou-se dizendo que este anúncio “mostra como a Ikea ajuda os seus consumidores a converter uma sala de jantar num local de celebração”.

No entanto, a justificação dada pela empresa de móveis sueca não convenceu os críticos. Alguns, inclusivamente, consideraram irónico o anúncio de 29 segundos ter sido feito por uma marca sueca, país elogiado pela igualdade de género.

O assunto tem-se tornado cada vez mais sensível nos últimos anos, à medida que as mulheres chinesas rejeitam a noção tradicional de que devem casar muito novas e ter filhos muito cedo.

O Partido Comunista Chinês já encorajou as mulheres a casarem cedo e, há alguns anos, o próprio governo publicou no seu site artigos sobre as “mulheres que sobram”, tendo gerado uma série de reclamações.

No entanto, o ano passado, um anúncio chinês da marca de beleza japonesa SK-II abordou a questão das jovens chinesas solteiras que não são sobras – apenas não querem casar, para ajudar a combater este estigma – e a campanha foi recebida de forma muito positiva.

ZAP // BBC

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