Cientistas identificaram fósseis de uma ave que, com uma extensão de mais de sete metros da ponta de uma asa à outra, pode ser o maior pássaro que já existiu na Terra, pode ler-se na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Para efeitos de comparação, imagine o comprimento de quatro pessoas, da cabeça aos pés, ou a altura de um prédio de dois andares.
O primeiro fóssil do denominado Pelagornis sandersi foi encontrado em 1983, quando tiveram início as obras para ampliar o Aeroporto Internacional de Charleston, na Carolina do Sul. James Malcom, voluntário do Museu Charleston, e Albert Sander, curador do museu, removeram um bloco de pedra, onde se encontrava o fóssil que foi levado para o museu para uma avaliação mais aprofundada.
Quase 30 anos depois, o paleontólogo Daniel Ksepka, convidado a trabalhar no referido museu, redescobriu esse mesmo fóssil. «Imediatamente, fiquei bastante confiante de que se tratava de uma nova espécie», afirmou. «O tamanho chama a atenção… Um único osso da asa era maior que o meu braço, o que me levou a pensar que deveria ser algo muito importante», acrescentou.
Os resultados de Ksepka foram publicados, esta segunda-feira, na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências.
«Os pelagornitídeos pareciam criaturas saídas da literatura fantástica – não existe nada de semelhante hoje em dia», explica Ksepka.
Ao contrário dos dentes humanos, que têm raízes e são cobertos com esmalte, os dentes desta espécie eram feitos de osso e, provavelmente, cobertos com tecido do bico. «Os dentes eram muito afiados, apesar de não serem para cortar», explicou Ksepka. «Talvez fossem usados para capturar peixes ou lulas perto da superfície e empala-los».
Com base na estrutura óssea, os cientistas acreditam que as Pelagornis sandersi voavam, o que se traduz num grande mistério: como é que algo tão grande consegue estar no ar? «É um problema de escala», diz Ksepka.
Teoricamente, aves extremamente grandes não conseguem voar, uma vez que a quantidade de energia necessária supera o poder dos músculos. No entanto, esta teoria refere-se à capacidade de permanecerem em voo por bater as asas. Ksepka afirma agora que grandes aves voadoras podem ter usado outras estratégias – o aproveitamento da «energia do ambiente, como as rajadas de vento». Tal como os albatrozes modernos, as Pelagornis sandersi podem ter usado as suas longas asas para apanhar ventos oceânicos e deslizar pelo céu.
Os investigadores calculam que a ave terá vivido em todos os cantos do mundo durante dezenas de milhões de anos, tendo desaparecido, por razões ainda pouco claras, há cerca de três milhões de anos.
CG/ZAP