Estudo que defende que a ascensão dos robôs e da Inteligência Artificial também altera o contexto religioso.
Já sabemos que os robôs, a agora tão conhecida Inteligência Artificial (IA) estão a mudar o mundo.
Alteram muitos contextos de trabalho, alteram a economia, alteram diversos aspectos sociais.
Mas também mexe com crenças.
Pouco ou nada se tem falado sobre o impacto da IA, da robótica, na religião. Mas um estudo associa esses dois contextos.
A análise foi publicada neste mês na Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os autores do estudo defendem que a exposição a robôs e à IA explica o declínio religioso que se verifica um pouco por todo o mundo. Mais concretamente em quatro contextos: nas culturas nacionais, nas regiões de uma nação, nos membros de uma comunidade e nos funcionários de uma empresa.
O declínio global da religiosidade é um facto. Mostram os inquéritos, mostram os números de casamentos, de jovens na catequese; mostra a falta de padres, a frequência nas igrejas e mostram os seminários vazios. Não em todo o lado, mas em muitos lados.
E, parcialmente, esse afastamento da religião está associado à automatização.
Em que sentido? O estudo analisou dados de pesquisas sobre as percepções da automatização. Ao todo, dados de mais de 3 milhões de pessoas.
E essas pesquisas sugerem que as pessoas, agora, atribuem à tecnologia algo que antes se associava ao sobrenatural.
“Historicamente, as pessoas recorreram a agentes sobrenaturais e profissionais religiosos para resolver problemas instrumentais que iam para além do alcance da capacidade humana. Esses problemas podem parecer mais solucionáveis para pessoas que trabalham e vivem em espaços altamente automatizados”, escrevem os autores do estudo citados o Big Think.
Este tudo envolveu quatro processos.
No primeiro, mais de 2 milhões de pessoas, de 68 países, disseram se a religião era parte importante da sua vida – e os cientistas associaram as respostas ao número de robôs industriais do país em causa. Pessoas de países mais “robotizados” apresentaram maior afastamento da religião.
A segunda experiência foi basicamente o mesmo, mas focada nos EUA. E, nas áreas metropolitanas com mais robôs, a religião caiu 3% em cada uma das duas últimas décadas.
No terceiro processo, quase 50 mil elementos de uma comunidade foram analisados ao longo de 12 anos: quem trabalha mais com IA, mais se afastou da religião (45% mais provável de se afastarem da crença em Deus).
A quarta amostra foi a mais pequena: 238 funcionários de uma empresa. Também aqui, quanto mais expostos à IA, mais afastados da religião.
Nenhuma das experiências prova casualidade mas os autores do estudo acreditam veemente que a automatização reduz a crença religiosa.
E avisam: o aumento da automação poderá acelerar a secularização (afastamento da religião) ao longo do século XXI em muitas regiões do mundo.
À medida que a IA cresce em importância e poder, o declínio global da religião pode continuar e até acelerar.
Para algumas pessoas, o ChatGPT é o novo Deus.
E não seria a inteligência – mesmo que seja artificial – um bom motivo para deixar de lado a crendice religiosa e infundada?
Duvido que mesmo nos EUA tenhamos já se tenha tempo suficiente de exposição e contacto com robots para se poder chegar a uma afirmação tão conclusiva. Parece-me um estudo algo leviano e sensacionalista. Por outro lado, convém alterar no texto “casualidade” e colocar lá “causalidade”. São coisas bem diferentes!