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Estudo sugere que os primeiros humanos podem ter hibernado

Jose Luis Martinez Alvarez / Wikimedia

O Homo heidelbergensis poderá ser o antepassado comum do Homo neanderthalensis e do Homo sapiens.

Um novo estudo científico tentou perceber se os primeiros humanos tiveram alguma vez a capacidade de hibernar, tal como acontece com muitos outros mamíferos.

Um desses casos são os ursos, que têm processos metabólicos especializados para os proteger deste sono prolongado. Mas por vezes esta ‘ajuda’ não acontece de acordo com o planeado e os animais podem, por exemplo, desenvolver uma série de doenças pós-hibernação se não obtiverem reservas de alimento suficientes antes do inverno.

“Os hibernantes podem sofrer de raquitismo, hiperparatiroidismo e neurofibromatose se não possuírem reservas de gordura suficientes. Estas doenças são todas expressões de osteodistrofia renal consistente com doença renal crónica”, explicam no seu estudo, publicado em dezembro na revista L’Anthropologie, os paleoantropólogos Antonis Bartsiokas e Juan-Luis Arsuaga.

De acordo com o site Science Alert, os investigadores acreditam que este pode ter sido o destino de alguns ancestrais humanos cujos restos mortais foram descobertos numa caverna espanhola chamada Sima de los Huesos.

Este poço profundo na Caverna Maior da Serra de Atapuerca abriga um grande número de fósseis, onde arqueólogos descobriram milhares de restos de esqueletos de hominídeos com cerca de 430 mil anos.

Isto foi muito antes do Homo sapiens andar pela Terra e, embora haja ainda algum debate sobre a qual ancestral humano pertencem estes fósseis, pelo menos alguns são do Homo heidelbergensis.

“A hipótese de hibernação é consistente com a evidência genética e com o facto de os hominíneos de Sima de los Huesos terem vivido durante o período glacial”, escreveram os cientistas no mesmo artigo.

A ideia é que esses antigos ancestrais podem ter tentado dormir durante os meses mais frios e, portanto, os seus ossos mostram as cicatrizes dos meses de sono sem as reservas de gordura suficientes, falta de vitamina D e, nos adolescentes, estranhos surtos de crescimento sazonal.

No entanto, como destaca o mesmo site, antes de podermos afirmar efetivamente que os nossos ancestrais hibernavam, temos de ter em conta que esta investigação ainda está numa fase muito preliminar. Tanto que até os os próprios autores do estudo admitem que esta hipótese soa um pouco a “ficção científica”.

Filipa Mesquita, ZAP //

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