Um estudo recente descobriu que os homens que tomam medicamentos para a disfunção erétil podem ter um risco reduzido de morte precoce e são menos propensos a desenvolver diferentes problemas cardíacos.
Medicamentos para a disfunção erétil, tais como o Viagra, o Cialis, e o Levitra, aumentam o fluxo sanguíneo para o pénis, através da inibição da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), que interfere com os sinais químicos responsáveis pelo relaxamento dos músculos, permitindo que o sangue flua e cause uma ereção.
Para estudar o efeito desses fármacos na saúde cardiovascular e na mortalidade, os investigadores analisaram os registos de saúde eletrónicos de mais de 23.000 norte-americanos, entre 2006 e 2020. Estes homens tinham tomado pelo menos um inibidor da fosfodiesterase tipo 5 (PDE-5i), como é o caso do Viagra.
A equipa comparou este grupo com outro, de mais de 48.000 homens com disfunção erétil, aos quais não foram receitados medicamentos, relatou o Interesting Engineering.
O estudo, publicado na Journal of Sexual Medicine, concluiu que os homens que tinham tomado medicamentos que inibem a PDE-5i tinham 39% menos probabilidades de morrer de doença cardiovascular do que aqueles que não tinham registo de prescrição. Também tinham 25% menos probabilidades de morrer por qualquer outra causa.
Os homens que tomaram uma dose maior desses fármacos estavam mais bem protegidos contra doenças cardíacas do que aqueles que tomaram uma dose menor.
Estes homens tinham uma incidência de insuficiência cardíaca 17% menor, uma probabilidade 15% mais baixa de necessitar de algum um procedimento cardíaco, e uma incidência de angina instável 22% mais baixa.
Estudos anteriores sugeriram que os medicamentos que inibem a PDE-5i podem ter benefícios para a saúde cardiovascular. Verificou-se que estes medicamentos melhoram o fluxo sanguíneo para o coração, reduzem a rigidez dos vasos sanguíneos e diminuem a inflamação do corpo.
Algumas investigações também demonstraram que os inibidores da PDE-5 podem afetar positivamente a função das plaquetas, o que poderia reduzir o risco de formação de coágulos nos vasos sanguíneos.
Contudo, o estudo tem algumas limitações. Tratou-se de uma análise observacional, o que significa que só pode mostrar uma associação entre o uso de medicamentos para a disfunção erétil e a redução do risco de morte, e não uma relação causal.
Outros fatores, tais como uma melhor saúde ou consultas médicas frequentes, podem ter contribuído para a redução do risco de morte. Além disso, o estudo foi financiado pela Sanofi, que vende o seu próprio inibidor de PDE-5i, chamado avanafil, pelo que existe um potencial conflito de interesses.
O estudo centrou-se nos medicamentos para disfunção erétil pagos pelos seguros e não contabilizou os pagos pelos pacientes. Devido a isso, o estudo pode não ter capturado com precisão quem estava realmente a tomar tais fármacos.
“Embora seja possível que o Viagra possa ter alguns benefícios cardiovasculares, isso exigiria mais investigação, e este estudo atual não o prova”, disse à Science Alert o cardiologista Deepak Bhatt, director do Mount Sinai Heart em Nova Iorque.
O passo seguinte seria conduzir um grande ensaio clínico num ambiente controlado para confirmar o resultado.