As redes sociais são “a ferramenta de marketing mais poderosa com que um extremista algum dia poderia ter sonhado” — o ex-governante alemão Adolf “Hitler teria adorado viver na era das redes sociais”.
A declaração foi feita por Bob Iger, presidente da Disney, no momento em que recebeu um prémio humanitário e fez um discurso a criticar as empresas donas das principais redes sociais do mundo por não fazerem mais para controlar a disseminação do discurso de ódio nesses fóruns.
Ao mesmo tempo que “criam um falso sentido de que toda a gente tem as mesmas opiniões”, as redes sociais são desenhadas de forma a amplificar “os nossos receios mais profundos”, constantemente “validando as nossas convicções”, afirmou Bob Iger, num discurso no Simon Wiesenthal Center, uma organização não governamental que foi batizada com o nome de um sobrevivente do Holocausto.
“As redes sociais permitem que o mal seja como um predador de mentes perturbadas e almas perdidas, sabendo-se que os conteúdos que se disseminam nas ‘cronologias’ contêm mais ficções do que factos, propagando ideologias vis que não têm qualquer lugar numa sociedade que atribui valor à vida humana”, disse, citado pelo The Independent.
Especificamente sobre os EUA, Bob Iger lamentou que “o ódio e a raiva estão a arrastar-nos em direção ao abismo, uma vez mais”. O “ódio está a consumir o nosso discurso público e a moldar o nosso país e a nossa cultura, que se tornou completamente irreconhecível para aqueles de nós que ainda acreditam na civilidade, nos direitos humanos e na decência básica”, acrescentou.
Bob Iger tem participado ativamente na promoção de eventos de recolha de fundos para o lançamento de candidaturas à nomeação democrata para as eleições de 2020. Mas o próprio continua a excluir que possa ser um candidato à presidência dos EUA.
A Disney já foi perseguida por alegações de que o seu fundador, Walt Disney, era antissemita. Vários filmes antigos apresentam estereótipos comuns da década de 1930, incluindo um Lobo Mau vestido como um vendedor judeu e Mickey Mouse a dançar como um judeu.
O falecido animador estava ligado à Aliança para a Preservação dos Ideais Americanos, uma organização antissemita. A Disney também foi criticada por aceitar a visita da cineasta nazi Leni Riefenstahl a Hollywood para promover o seu filme Olympia em 1938.