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Harry Potter ganha novo (e estranho) capítulo

(dr) Warner Bros. Pictures

Harry Potter e o retrato daquilo que parecia ser um grande monte de cinzas é o título do mais recente pedaço da história protagonizada pelo famoso feiticeiro. Mas não foi J.K. Rowling que o escreveu.

Os autores do mais recente capítulo de Harry Potter foram predictive keyboards, uma forma de inteligência artificial.

Este tipo de teclados (o Teclado Google, para Android, é um exemplo) funciona com base no histórico de palavras utilizadas. No fundo, e simplificando, não é mais do que o conjunto de sugestões que vão aparecendo no telemóvel enquanto escrevemos uma mensagem.

Este tipo de sugestões preditivas deveriam ser úteis, mas, na maioria dos casos, apenas servem para escrevermos “Acabei de ver How Tô geral away Witherspoon mureta” e só nos apercebermos que How To Get Away With Murder mudou de nome depois de enviarmos a mensagem.

Ora estes teclados foram utilizados por uma equipa da Botnik – comunidade de artistas que, em conjunto com máquinas, desenvolvem conteúdos novos e (propositadamente) estranhos – para escrever uma nova história de Harry Potter.

Usámos predictive keybords que ‘estudaram’ os sete livros de Harry Potter para criar esta nova história”, pode ler-se num tweet da Botnik Studios. Mais de 90 mil pessoas reagiram à publicação com likes ou comentários muito positivos. “Isto é, sem sombra de dúvidas, a melhor coisa que já li” é um exemplo de um deles.

Para além destes teclados, uma equipa de escritores colaborou no capítulo. Foram eles que editaram a “salada de palavras” normalmente gerada pelos predictive keyboards, e lhe deram sentido e fio condutor.

A história, que pode ler online, tem início num cenário em que o céu é preto e cheio de sangue. Ron encontra-se junto a um castelo a fazer uma “dança frenética tipo sapateado” e, mal vê Harry aproximar-se, “começa a comer a família de Hermione”.

Talvez por isso (ou não, nunca saberemos), um pouco mais à frente o narrador afirma que “para Harry, Ron era um barulhento, lento e suave pássaro”. O pior é que Harry “não gostava de pensar em pássaros”.

A aventura continua e, após se depararem com a porta do castelo fechada (com uma password que Hermione lamenta, “MULHER BIFE”), Voldemort entra em ação. “És um feiticeiro mau e ruim”, acusa Harry, de forma selvagem. Os parágrafos seguintes ficaram marcados por situações tão ou mais caricatas.  E não poderia mesmo ser de outra forma.

Hermione encheu a cara de lama e Harry apelidou Ron de “o jeitoso”, elogio que prontamente retirou enquanto mergulhava a amiga em molho quente. Quem nunca? O final da história foi protagonizado pelo famoso feiticeiro: “Eu sou o Harry Potter, as artes negras que se preocupem, oh boy!”, gritou, após ter caído de umas escadas em espiral.

Resta-nos esperar pelo que J.K. Rowling terá a comentar. Para já, podemos dizer que a autora está, literalmente, sem palavras.

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