Situada a 230 metros de profundidade, debaixo da cidade de Loulé no Algarve, descobre-se uma vasta rede de catedrais e galerias de sal-gema, com extensões que chegam aos 45 quilómetros.
A exploração destas minas começou na década de 1960, após a inadvertida descoberta de um enorme depósito subterrâneo durante sondagens para captação de água numa fase de seca prolongada. Desde então, estas minas tornaram-se não só um marco de engenho humano mas também de versatilidade da natureza.
A mina de Loulé é a única do país onde a extração de sal-gema ocorre em túneis e não por salmoura. A sua história de exploração começou entre 1964 e 2018, sob diferentes concessões, até que em 2018 a empresa Tech Salt assumiu o controlo, introduzindo um novo conceito: a green mining ou mineração sustentável. Actualmente, a extração continua, chegando a cerca de seis mil toneladas por ano, destinadas maioritariamente para a segurança rodoviária e rações animais.
O aspeto mais inovador deste espaço mineiro está na sua reutilização para fins educativos, museológicos e expositivos.
Desde 2019, são organizadas quatro visitas diárias à mina durante os dias úteis, onde os participantes podem acompanhar todo o processo de extração e produção do sal-gema, desde a desagregação dos blocos por roçadoras até à sua moagem e embalamento.
Segundo a National Geographic, experiência é acentuada pela presença de oito mineiros e uma equipa de apoio, conferindo uma autenticidade única à visita.
Além disso, o espaço tem sido usado para fins culturais e de saúde. Já se realizaram concertos, exposições e até debates televisivos nas suas profundezas e há também planos para programas de turismo de saúde, já que o pó de sal libertado pelas roçadoras alivia os sintomas de problemas respiratórios, como a asma.
Este modelo de mineração sustentável posiciona a mina de Loulé como um exemplo notável de como espaços industriais podem ser transformados de forma criativa para fins educativos, culturais e de bem-estar, sem comprometer a sua funcionalidade primária.
Por baixo da terra algarvia, emerge assim uma “cidade de sal” que testemunha a rica intersecção entre o património natural e humano, oferecendo uma janela para a história geológica do local e uma visão para um futuro mais sustentável e inclusivo.