Há um plano para transformar os ventos de Fernão de Magalhães em gasolina

HIF Global

Fábrica-piloto na Patagónia chilena.

São os mesmos ventos que há meio milénio impulsionaram os descobrimentos de Fernão de Magalhães e que agora ajudam a produzir gasolina “verde”.

No Estreito de Magalhães, no sul da Patagónia chilena, está localizada a fábrica-piloto Haru Oni eFuels, mesmo à beira de uma turbina eólica. Esta fábrica produz gasolina mais ecológica, utilizando a energia eólica para fazer funcionar máquinas que separam o hidrogénio da água.

O hidrogénio é depois juntado ao dióxido de carbono reciclado, gerando hidrocarbonetos sintéticos, indistinguíveis da gasolina de origem fóssil.

A Porsche AG é uma das investidoras e pretende comercializar este “efuel” para os condutores que querem ter combustão interna e uma consciência climática mais limpa, escreve a Forbes.

Meg Gentle é a diretora executiva da HIF (Highly Innovative Fuels), a empresa que construiu a fábrica no Chile e que agora pretende construir a sua primeira fábrica à escala mundial no Texas, nos Estados Unidos. Esta fábrica, no valor de 6 mil milhões de dólares, deverá produzir mais de 700 milhões de litros de combustíveis mais ecológicos por ano. É o equivalente a cortar as emissões de 400 mil automóveis.

“A procura por estes projetos é ilimitada”, diz Andrew Ellenbogen, diretor-geral da EIG, uma das primeiras investidoras da HIF, “e será muito melhor satisfeita com projetos desta dimensão”.

O sucesso não chega sem riscos. Para produzir um litro deste combustível são necessários cerca de 10 quilos de dióxido de carbono. A tecnologia para capturar o dióxido de carbono diretamente do ar ainda é cara, custando cerca de 250 dólares por tonelada.

Gentle estima que os custos precisam de se aproximar dos 100 dólares por tonelada. Até lá, serão utilizadas outras fontes de CO2 reciclado, explica a Forbes.

A HIF terá ainda de comprar a produção de parques eólicos com produção elétrica dedicada de 1.000 turbinas. Tudo isto para produzir combustível de substituição para apenas 400.000 carros, quando os EUA têm 276 milhões de veículos em circulação.

“Vale a pena o esforço, porque com o efuel é possível operar a frota automóvel existente numa base neutra em termos de CO2″, explica o porta-voz da Porsche, Hermann-Josef Stappen.

Além da fábrica no Texas, a ideia da HIF investir num projeto na Tasmânia, que irá obter dióxido de carbono da indústria de produtos florestais.

Gentle prevê centenas de milhares de milhões investidos nesta tecnologia nas próximas décadas. “Esta é uma solução para agora, hoje, já”, diz ela. “Se estivermos a tentar mobilizar grandes quantidades de capital, não o podemos fazer com 20 milhões de dólares de cada vez. É preciso ter escala”.

ZAP //

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