Sérgio Conceição surpreendeu no onze e acabou foi surpreendido pelo Marítimo, na deslocação que retirou os primeiros pontos aos “dragões” na Liga 21/22. Ainda sem Wendell, o treinador portista decidiu apostar em Marcano e não foi como central.
Experiências à parte, o Porto produziu o suficiente para vencer, foi perdulário e pagou a factura, entregue num belo golo de Bruno Xadas, que procura retomar no Funchal as expectactivas que nele foram depositadas em épocas passadas.
Luis Díaz e mais dez… mas não chegou
A novidade que Conceição preparou para o “onze” não foi acompanhada de surpresa, na hora de identificar os homens que haveriam de liderar o ascendente ofensivo do Porto na primeira parte.
Luis Díaz e Otávio, com sete remates e dois passes para finalização entre ambos, até ao intervalo. Ainda antes do descanso (35′) seriam também eles a surgir na acção final para o golo inaugural, com o brasileiro a cruzar e o colombiano a concretizar, oportuno.
No entanto, o claro ascendente portista seria desafiado por um daqueles momentos que fazem do Futebol o mais imprevisível desporto colectivo.
Já nos descontos do primeiro tempo, Vítor Costa cruzou rasteiro e atrasado para Xadas executar uma fantástica “colherada” à entrada da área. O resultado desafiava a estatística mas compensava com a beleza da finalização do médio.
A retoma da partida não traria grande mudança no ascendente portista na partida, mas curiosamente seria o Marítimo a desperdiçar a primeira ocasião flagrante da segunda parte, com André Vidigal a atirar ao poste, num remate com 56% de probabilidade de golo aos 68′, a segunda mais flagrante da partida até então (Toni Martínez já havia perdido uma com 68% no início do jogo).
O Porto era mais forte mas mostrava menos qualidade no que interessava, e viria a pagar a respectiva factura.
Conceição interpretava o sinal e mexia na equipa, lançando Corona e Pêpe nos lugares de Otávio e Taremi aos 70′ e, pressionado pelo relógio, Evanilson e Fábio Silva, por troca com Luis Díaz e Marcano.
Mais tarde Sérgio lançaria Francisco Conceição, na tentativa de repetir o efeito-talismã da época passada, mas o forte assédio “azul-e-branco” à área maritimista não deu quaisquer resultados, até final.
O MVP GoalPoint
A Liga não lhe deu o golo mas foi mesmo ele a marcá-lo. Ainda assim o jogo de Luis Díaz não se resume ao tento inaugural. O colombiano foi o agitador de serviço, que empurrou o Porto para a frente, sobretudo na primeira parte.
Saiu aos 74 minutos mas ainda terminou o jogo com vários máximos da partida, a saber: quatro remates (máximo do jogo, a par de Otávio), sete passes ofensivos valiosos (máximo), 10 acções na área (máximo), três conduções aproximativas (máximo) e quatro duelos aéreos ofensivos ganhos noutros tantos disputados. Foi ele e mais dez.
Destaques do Marítimo
Zainadine 6.4 – O pilar (subvalorizado) do costume, habitual nos nossos destaques. Ganhou três duelos aéreos em cinco, entregou com sucesso oito passes longos e ligou o modo “carro-vassoura”, com quatro intercepções e nove alívios.
Vitor Costa 6.2 – Saiu aos 79′ mas já tinha colocado o nome da ficha de jogo, com o passe para o golo de Xadas. Perdeu muita posse (20) mas compensou com 11 recuperações de posse, quatro desarmes e três intercepções.
Paulo Victor 6.0 – Esteve bem entre os postes (numa das intervenções finais com alguma sorte), com três defesas a outros tantos remates feitos já dentro da sua área.
Xadas 5.9 – O golaço chega para justificar a referência mas ainda fez outro remate e um passe para finalização.
Leo Andrade 5.9 – Junta-se a Zainadine nos destaques no eixo defensivo madeirense, com seis desarmes e três alívios. Foi outro a anular o perigo aéreo portista, com quatro duelos ganhos em cinco disputados.
Destaques do Porto
Uribe 7.1 – Nem tudo são más notícias no Porto: o colombiano voltou ao seu melhor nível, num terreno difícil, onde isso fazia falta. Conseguiu concluir os três dribles que tentou, somou cinco acções defensivas já no meio-campo adversário e só Leo Andrade (Marítimo) desarmou tantos quanto ele: seis.
Mbemba 6.9 – Ajudou muito a evitar que as transições madeirenses criassem maiores problemas, somando cinco intercepções, o máximo do jogo. Fala-se pouco dele, para a regularidade que demonstra.
Pepe 6.4 – O central “vampiro”, que não envelhece, foi o jogador que mais bola recuperou (13) e entregou oito passes aproximativos. Que cápsulas toma Pepe?
Bruno Costa 6.2 – Criticado por treinadores de taberna por “só fazer passes para trás e para o lado”, conseguiu fazer dois passes para finalização e a verdade é que ninguém fez mais e apenas dois jogadores igualaram esse registo. Foi o segundo jogador que mais recuperações de bola somou (11) e outras tantas acções defensivas, quatro deals desarmes.
Otávio 6.0 – Foi a figura positiva habitual sobretudo na primeira parte. Para lá de ter participado no golo inaugural chegou ao intervalo como o mais rematador (4). Saiu aos 69′ com três enquadrados, cinco passes ofensivos valiosos e quatro duelos aéreos ofensivos ganhos em seis disputados. Menos boa a sua eficácia de passe (apenas 67%), com 12 passes falhados.
Marcano 5.7 – O seu aparecimento na equipa parecia prometer um esquema de três centrais mas foi mesmo a lateral que jogou, e bem projectado (vide mapa de posição média acima). Tentou cinco cruzamentos sem sucesso. Na positiva destacam-se os seis passes aproximativos.
Mehdi Taremi 5.7 – Apesar de ter “confirmado” um golo que o próprio ajudou a construir, ainda não foi desta que o iraniano voltou à sua melhor versão. Saiu aos 71 minutos com um remate enquadrado, dois passes para finalização e dois duelos aéreos ganhos em seis disputados.
João Mário 5.5 – Disputou e venceu um lance com André Vidigal que podia ter sido muito perigoso mas, fora isso, não esteve tão bem como noutros jogos. Não ofereceu qualquer passe para finalização e perdeu a posse em 20 ocasiões. Esteve aplicado no drible, embora sem eficácia total, com cinco completos em 10 tentados.
Toni Martínez 5.0 – Ao contrário das jornadas anteriores, jogou até final mas não “apareceu”. Desperdiçou a ocasião mais flagrante da partida logo no início (68% de probabilidade de golo) e só voltou a rematar mais uma vez. Os cinco duelos aéreos ofensivos ganhos em oito disputados ajudam a perceber porque Conceição o terá mantido até ao final, dado o contexto do jogo (e relvado).
Diogo Costa 4.6 – Não tem culpa no golaço de Xadas mas a verdade é que acabou o jogo sem realizar qualquer defesa e entregando apenas cinco dos 18 passes longos que tentou. Rating de guarda-redes de grande é assim, paga caro por pouco.
// GoalPoint