Há 50 anos, um incêndio mortífero quase afundou o primeiro porta-aviões do mundo

Em 1967, enquanto realizava ataques aéreos na costa do Vietname, o porta-aviões USS Forrestal foi atingido por um incêndio devastador. As consequentes explosões acabariam por matar 134 marinheiros e ferir 161.

O dia 29 de julho de 1967 é ainda um dos dias mais fatais de uma embarcação naval após a Segunda Guerra Mundial.

O incêndio no USS Forrestal, provocado por apenas um foguete, teve origem na cabine de comando e deixou aquele que foi o primeiro porta-aviões do mundo fora de cena durante dois anos. De acordo com a Popular Mechanics, mais de 60 aeronaves foram destruídas.

Corria o quinto dia de ataques aéreos contra os vietnamitas quando, pelas 10h51m, manipuladores do convés trocaram um alvos de um dos jatos (F-4 Phantom), passando de energia fornecida externamente para energia interna, o que provocou que a carga elétrica — potente o suficiente para disparar o que acabaria por ser o foguete matador Zuni não guiado de 5 polegadas —se perdesse.

O Zuni saiu disparado e “roubou” o braço de um homem que se encontrava no seu caminho, batendo, de seguida, numa outra aeronave (A-4 Skyhawk). O foguete destruiu a zona lateral da aeronave, onde descansavam sossegadamente aquilo que hoje seriam cerca de 65 mil euros de combustível.

Imediatamente, o combustível derramou-se e começou a arder. Entretanto, outro estilhaço atingia outro avião, piorando uma situação que já era alarmante.

O navio foi então para Zebra de Condição Material, que ordena que todas as portas sejam protegidas contra a propagação de fogo, fumo e inundações.

No auge do caos, mais de 150 mil litros de combustível ardiam simultaneamente, após o primeiro embate no A-4 ter deixado cair uma bomba, já aberta e com quase 500 quilos, numa poça de combustível de aviação.

Duas equipas de combate ao fogo, que entraram em ação em apenas um minuto e meio, foram dizimadas em apenas 14 segundos. No total, duas bombas explodiram.

Em apenas 49 minutos as chamas no convés (já apagadas pelas 11h40m) mataram 134 membros da tripulação e feriram 161. Só quatro horas depois é que as chamas do navio foram todas controladas.

Afinal, de quem foi a culpa?

O relatório de investigação do acidente absolveu a liderança do comando do navio de responsabilidade, bem como o comandante do Carrier Air Wing 17 e o piloto do F-4 do foguete Zuni. No entanto, condenava o comandante do esquadrão por “mau julgamento e deficiências de supervisão” sobre a sua equipa de artilharia, considerada insuficientemente treinada.

Além disso, o relatório dizia que eram conhecidos alguns problemas relacionados com o foguete Zuni, nomeadamente com o seu pigtail, que não deveria ser conectado ao “recetáculo do lançador até pouco antes da decolagem”. A maioria dos tripulantes tinha conhecimento dessa norma.

Um porta-aviões revolucionário

O primeiro porta-aviões do mundo pesava 82 mil toneladas quando totalmente carregado e tinha mais de 300 metros de comprimento. O Forrestal foi o primeiro a ser construído com um convés de voo angulado, que lhe permitia realizar operações de pouso e recuperação em simultâneo.

Desde jatos a helicópteros, o Forrestal operava até 80 aeronaves de todos os tipos.

A sua primeira grande prova foi em 1967, quando partiu para a costa do sudeste asiático para apoiar na guerra do Vietname. E foi aí que o maior desastre pós-Segunda Guerra Mundial se desenrolou.

609 milhões de dólares (atuais) foi a quantia o que os danos do navio representaram, um total, na época, de 72 milhões de dólares.

Após o desastre, o grande porta-aviões escondeu-se em casa, na costa Este dos EUA, durante dois anos, onde esteve a ser reparado no Estaleiro Naval de Norfolk.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.