Escassez, demografia, desigualdades, leis, clima… Tudo contribui. E novo estudo avisa que podem acumular-se guerras – literais – por causa da água.
As guerras por causa de água não são um assunto novo.
Aqui no ZAP já tínhamos repetido o aviso que a escassez de água é uma realidade cada vez mais presente e que, por isso, podem haver conflitos por causa desse bem precioso.
Aliás, já começaram a surgir conflitos, para já locais: Etiópia, Egipto e Sudão, que estão muito dependentes do rio Nilo, o mais extenso do planeta.
Nos EUA também houve problemas por causa da água; Índia e Paquistão também discordaram em relação ao rio Indo, com um ministro paquistanês a avisar que aquilo poderia ser o início de uma guerra – a primeira guerra nuclear, segundo um estudo.
Até entre Portugal e Espanha tem havido divergências, mais recentemente, numa autêntica “guerra da água” ibérica.
A Organização das Nações Unidas avisa que 5 mil milhões de pessoas podem sofrer com a escassez de água em 2050. Ou seja, 5 em cada 8 pessoas do planeta, daqui a menos de 30 anos.
Falta água, há desigualdades, há a possibilidade de surgirem novas leis (na Europa) que restrinjam a água, há alterações climáticas.
E, com tudo isto, um estudo recente na revista Nature avisa que poderão surgir guerras mais abrangentes por causa de água.
O portal Science 2.0 cita essa análise e explica que o ambiente tenso provocado pela disputa de água pode ser aproveitado para grupos militares iniciarem conflitos.
Os autores do estudo utilizaram modelagem hidrológica e análise estatística, combinadas com um foco específico em mecanismos sócio-ambientais, culturais e políticos.
Ou seja, analisaram as condições sócio-hidrológicas que incluíam o valor sócio-económico da água como forma de subsistência – agricultura, por exemplo.
O foco, a nível geográfico, foi a região do Lago Chade, na África Central. O foco temporal foi o intervalo entre 2000 e 2015. Para depois criar uma simulação.
Foram analisados factores como desenvolvimento humano, urbanização da região e composição étnica da população.
Foi criado um modelo de indicadores de disponibilidade de água e solo para agricultura e sustento humano no geral.
Uma abordagem multidimensional, para se debruçar sobre as relações mais secundárias, indirectas e complexas neste contexto.
Os autorides do estudo avisam que os dois cenários mais prováveis são: estas guerras prolongam-se e estas guerras espalham-se, primeiro para as regiões mais próximas.
A maioria destas guerras surge em locais em que a disponibilidade de água é anómala.
Os autores têm noção de que isto é uma simulação. Mas também acreditam que criaram um padrão, um cenário que permite prever dinâmicas de conflito específicas.